Apelos à solidariedade marcam início da Quaresma

Bispos direccionam renúncias quaresmais para as Igrejas lusófonas, com uma ligação histórica ao nosso país O tempo da Quaresma que se iniciou esta Quarta-feira vive-se, em todas as comunidades paroquiais, por entre apelos à conversão interior e à generosidade, que se traduz na chamada “Renúncia Quaresmal”. A Igreja assume-se, nesta altura, como uma verdadeira família universal. As dioceses de todo o país orientam as contribuições dos seus fiéis, de uma forma geral, para duas finalidades: uma de âmbito diocesano e a segunda, como sinal de comunhão com outras Igrejas, para necessidades eclesiais, culturais ou sociais fora da Diocese. Além disso e dando cumprimento a uma deliberação tomada pela CEP em Novembro de 2004 em relação a todas as Dioceses, 5% do montante recolhido irá para o chamado “Fundo de Solidariedade Eclesial”, destinado a apoiar economicamente as Igrejas mais pobres. A ideia de uma “renúncia” ou um donativo na Quaresma está fortemente ligada à tradição do jejum e da esmola, práticas penitenciais associadas a este tempo de preparação para a Páscoa. Cada fiel renuncia conscientemente e como programa pessoal, para poder contribuir para causas da Diocese e da Igreja Universal Mundo Lusófono As escolhas dos Bispos portugueses são sobretudo, direccionadas para as Igrejas lusófonas, com uma ligação histórica muito forte ao nosso país. Diocese de Viseu vai destinar a chamada “renúncia quaresmal” a dois projectos missionários em países lusófonos, Cabo Verde e Angola. Trata-se da requalificação da Igreja Paroquial de S. Miguel da Calheta, Diocese de Santiago, em Cabo Verde, nos 50 anos da sua construção, onde trabalha o Pe. António Pereira Felisberto, da Diocese de Viseu. O outro projecto é a “construção de um Centro para Catequese, na Diocese de Uije, em Angola, na Paróquia de Nossa Senhora das Mercês”, onde é pároco um antigo aluno do Seminário de Viseu, Pe. João Lala. A renúncia quaresmal deste ano da diocese do Algarve irá reverter a favor da paróquia de Nossa Senhora do Rosário, na diocese de Viana, em Angola, uma jovem comunidade criada a 13 de Maio de 2004 e desde então confiada aos cuidados dos missionários dehonianos. D. Jorge Ortiga apresentou aos fiéis da Diocese de Braga as finalidades do contributo penitencial da Quaresma, habitual nesse tempo litúrgico, que este ano se irá dirigir, entre outros destinos, para a igreja e a residência paroquial de Bolama, Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau. Da Diocese das Forças Armadas e de Segurança sairá ajuda para a Diocese de Sumbe (ex- Novo Redondo), em Angola, entregue a um sacerdote da Sociedade Missionaria da Boa Nova. Este ano a renúncia quaresmal dos cristãos da Diocese de Setúbal será para o Mosteiro de S. José em Fátima, para o Seminário Diocesano de Bragança e para a Diocese de São Tomé e Príncipe. A Diocese de Portalegre-Castelo Branco olha para Cabo Verde e Timor: “Em Cabo Verde, ajudaremos a construir um Centro Social e Paroquial na Diocese de Santiago; e em Timor, patrocinaremos o Seminário de Díli na aquisição de bibliografia básica e fundamental para a formação dos mais de oitenta seminaristas de Filosofia e Teologia, que constituem uma autêntica esperança para a Igreja. Sejamos generosos e lembremo-nos do que diz o povo: quem dá aos pobres empresta a Deus”, escreve D. José Alves. Cheias O Administrador Apostólico de Évora, D. Maurílo de Gouveia, indica como destino do contributo dos fiéis da Diocese “os irmãos de Moçambique, duramente atingidos pelas cheias, colaborando directamente com a Cáritas daquele País”. Os católicos dos Açores são também chamados a ajudar as famílias atingidas por estas cheias e o Seminário Teológico Interdiocesano de S. Pio X (Maputo). No Funchal e em Beja, a renúncia quaresmal deste ano destina-se igualmente às vítimas das cheias de Moçambique, sobretudo na diocese da Beira, “que deixaram muitas famílias sem casa e muitas instituições sociais e eclesiásticas sem possibilidade de funcionar e cumprir a sua acção junto dos mais pobres”, como lembra o Bispo de Beja. A renúncia dos fiéis de Viana do Castelo beneficiará também as vítimas das cheias de Moçambique, bem como “a Casa Sacerdotal e as igrejas novas em construção”. Dentro de casa Em Lisboa, os resultados desta recolha quaresmal destinam-se ao “Fundo Diocesano de Ajuda Inter-Eclesial”, que procura responder aos pedidos de ajuda que chegam de todo o mundo. “O dar a quem não se conhece é expressão do silêncio que o Senhor aconselha a quem dá. Desses irmãos longínquos e desconhecidos, não estamos à espera de nada em troca. Mas isto não nos dispensa de estarmos atentos aos irmãos que vivem a nosso lado”, diz D. José Policarpo na sua mensagem. A solidariedade também tem lugar dentro de portas: a tradicional renúncia quaresmal servirá este ano, na Diocese do Porto, para a constituição dum Fundo Social Diocesano, destinado a colaborar com as iniciativas que “defenda e promovam a vida, da concepção à morte natural”. Também o Funchal irá constituir um Fundo Social Diocesano. “São vários os pedidos que me chegam para apoiar esta ou aquela acção sociocaritativa”, reconhece D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, na sua mensagem da Quaresma, apelando à contribuição dos fiéis. O prelado aponta em especial “às carências graves de subsistência ou realização profissional, aos problemas de integração social e económica de muitos emigrantes, aos tráficos inomináveis de droga e prostituição”. A Igreja de Aveiro destina a renúncia quaresmal deste ano “à Casa Sacerdotal, às Florinhas do Vouga e à Diocese de Brejo no Maranhão, Brasil”. Olhar para longe A Diocese de Santarém reuniu, em 2007, 34 500 Euros, entregues à diocese de Bafatá, Guiné-Bissau, e à de Lubango. Este ano, vai oferecer metade da renúncia quaresmal para o projecto “Renascer para a esperança”, uma obra de promoção humana dos Padres Vicentinos na diocese de Maputo, Moçambique. Outra metade segue para uma iniciativa de evangelização dos Padres Combonianos na diocese de Rumbek, no Sudão. A renúncia de Leiria-Fátima será destinada à diocese de Karanganda no Cazaquistão. “Assim correspondemos ao pedido de ajuda dirigida pelo Bispo D. Atanásio quando aqui esteve na peregrinação de 13 de Outubro passado. A Igreja Católica no Cazaquistão é minoritária e pobre, com grandes dificuldades económicas para construir e manter as estruturas necessárias tais como o Seminário e um Santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima”, explica D. António Marto. Notícias relacionadas • Quaresma

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Agência ECCLESIA

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