Padre Paulo Domingues, Diocese de Viseu
O Serviço Diocesano da Pastoral Juvenil de Viseu vive, com toda a sua Diocese, o sonho de colocar os jovens das nossas comunidades paroquiais a refletir e discernir sobre o papel dos jovens na Vida Cristã. A Fé na Esperança em Cristo Ressuscitado poderá sustentar e alavancar a juventude perante tantas dúvidas. A vida em pleno século XXI contém muitos estímulos e os sonhos poderão ficar tolhidos devido aos medos que assaltam o coração e a vida dos jovens.
Os jovens, quer na Sagrada Escritura que na tradição da Igreja, são provocados a viverem a sua fé de uma forma corajosa e genuína. No livro do Eclesiastes o jovem é chamado a lembrar-se do seu Criador (cf. Ecl 12, 1). Já o Apóstolo Paulo, nas suas cartas, exorta os jovens a serem exemplo com as suas palavras, a sua fé, a sua pureza, o seu amor e as suas ações (cf. 1 Tm 4, 11-13). Deste modo, a Igreja ao longo dos anos tem vindo a perceber que os jovens são na sociedade o elo entre os mais velhos e as crianças, e que vivem na primeira pessoa as grandes transformações na história, tentando gerir os conhecimentos recebidos dos avós e dos pais e aplicá-los na sociedade de “amanhã”. Este será o grande e profundo desafio que os jovens têm nas suas mãos. A Igreja deve acompanhá-los nesta missão de reconhecer o Cristo vivo e que habita o mundo, aprofundando a busca contínua dos valores do Evangelho. Podemos perceber este desejo da Igreja quer no Concílio Vaticano II quer agora, mais recentemente, com o Papa Francisco.
A Esperança em Jesus Cristo, fundamentada na Sua Ressurreição, apresenta à Igreja, e aos jovens, uma visão da vida que ultrapassa as dificuldades e os limites do ser humano no mundo. O Papa Francisco propõe-nos quatro desejos para que possamos realmente ter, viver e experienciar uma Igreja jovem e de jovens, tal como nos apresenta o pastoralista Armando Matteo (cf. Llevar a los jóvenes a la iglesia, pp. 111 a 114). Assim, em primeiro lugar, que na Igreja os adultos sejam adultos e que os jovens sejam jovens, uma vez que há adultos que pensam viver uma eterna juventude e não desocupam os seus lugares para que os jovens os possam assumir, com legítima propriedade da sua juventude. Em segundo lugar, falta na Igreja por parte dos adultos, um verdadeiro amor pela juventude, onde esta possa crescer e tornar-se adulta sem perder a sua força e vigor aleados à sua criatividade na vivência da Fé e experiência de Jesus Cristo na fase da sua faixa etária. Em terceiro lugar, restaurar a imagem dos jovens na Igreja e no Mundo, pois parece que a Igreja e a Sociedade rotulam os jovens como pessoas inacabadas e incapazes de realizar a vontade de Deus nas suas vidas e na Igreja. Por fim e em quarto lugar, o desejo de trazer os jovens às Paróquias, aos movimentos e à Liturgia.
Portanto, sentimos que sem a presença não há uma experiência pessoal (cf. Christus Vivit, nº 1 e 2). Precisamos que os jovens nas Comunidades Paroquiais sejam membros ativos e efetivos, como agentes pastorais, onde possam encontrar a sua identidade de Batizados, sem se deixarem assoberbar pelas expectativas do mundo. Os medos e as frustrações das comunidades paroquiais não devem impedir que os jovens sejam os protagonistas na ação evangelizadora com a sua vida, de forma a serem instrumentos de paz, de justiça e de amor (cf. Christus Vivit, nº 139 a 142).
Em suma, desejamos que os jovens vivam o Jubileu como Peregrinos disponíveis para assumirem que 50% da sua vida está nas mãos de Deus. Que possam assimilar que os restantes 50% devem ser colocados na presença do odor de Cristo, Belo e Jovial. Que arrisquem reconhecer que Jesus é a Esperança e a âncora, na busca de sentido para a sua vida e a realização dos seus sonhos. Os jovens não estão sós neste discernimento. Rezamos e acreditamos que o Jubileu da Esperança e o Serviço Diocesano da Juventude possam ser isso mesmo: um caminho e um serviço aos jovens da nossa amada Diocese de Viseu em busca do Senhor que nos (ch)Ama!
Padre Paulo Domingues, SDPJV