Anunciar Cristo implica «retoma criativa»

D. Manuel Clemente concluiu ciclo de reflexões sobre a evangelização da Europa

Porto, 29 mar 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto defende que a “nova evangelização” que a Igreja Católica está a pôr em marcha deve “retomar criativamente” a herança daqueles que, ao longo da história da Igreja, se empenharam na conversão dos povos.

Na sua terceira e última catequese quaresmal, esta quarta-feira à noite, na Sé do Porto, D. Manuel Clemente continuou a refletir sobre a evangelização da Europa, recordando o serviço que os “mártires”, as ordens religiosas e os “missionários” prestaram à causa de Cristo, desde a Idade Média até à época contemporânea.

Durante a sua intervenção, enviada hoje à Agência ECCLESIA, o prelado sustentou que o “contributo” daquelas figuras, baseado no “testemunho evangélico”, na “experiência comunitária de adoração e serviço” e na “proximidade com todos”, sobretudo os mais “pobres”, deve ser adotado como exemplo para toda a ação que a Igreja pretende desenvolver.

No meio de uma sociedade “fragilizada nas famílias, incerta na juventude, perplexa na meia-idade e desacompanhada na velhice”, o anúncio do Evangelho “tem de ser convicto, coerente e persistente”, apontou o também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Aquele responsável classificou as missões como “o rosto mais expressivo da evangelização” e olhou para os sacerdotes, leigos e religiosos que as integram como um dos meios principais para chegar a uma população “geralmente deslocalizada, por razões de trabalho ou falta dele, muitas vezes peregrina da subsistência possível”.

Entrar numa cultura que “desconfia quase instintivamente de tudo quanto apareça como pré-determinado, institucional ou coativo” implica um “martírio de paciência”, acrescentou o bispo, citando a expressão utilizada pelo cardeal italiano Agostino Casaroli num livro sobre as relações entre a Santa Sé e os países comunistas entre 1963 e 1989, em pleno período de Guerra Fria.

No entanto, as dificuldades atuais “contracenam” com outros aspetos que D. Manuel Clemente realçou como mais positivos, como as “grandes generosidades de pessoas e grupos, em relação a muitas necessidades alheias”.

“Na aproximação a todas as pobrezas, antigas e novas, a caridade será necessariamente criativa, procurando os sós, refazendo vizinhanças, animando tudo o que promova a todos”, sustentou o bispo do Porto, desafiando os fiéis a irem “em busca” dos mais desfavorecidos “para os trazer a um Pai que não desiste de ninguém”.

D. Manuel Clemente concluiu a sua catequese sustentando que “a missão permanente” da Igreja terá de ter em conta “o contributo indispensável das famílias”, locais privilegiados para a “primeira aprendizagem da fé, da partilha e do testemunho”.

JCP

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