Museu de Lisboa dedicado a Santo António conta a história na azulejaria, ourivesaria, cerâmica, pintura
Lisboa, 13 jun 2017 (Ecclesia) – O coordenador do Museu de Lisboa Santo António afirmou que o espaço municipal mostra história do santo franciscano e é uma catequese sobre o Doutor da Igreja, transversal à cultura, da clássica à pop
“Os artistas contemporâneos continuam a reinterpretar a imagem de Santo António e surgiu agora, nestes últimos anos, a imagem do Santo António só de uma cor”, disse Pedro Teotónio Pereira.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o responsável observou que o santo português aparece de encarnado, verde, azul, “de todas as cores” numa imagem “muito ligada ao design”, e ao seu desenvolvimento, “que tem sido muito difundido em Lisboa”.
“É transformar quase o Santo António como um elemento tão conhecido, é transformar quase como um símbolo pop, como é transformado outras imagens muito conhecidas internacionais. Acho que isso tem a ver com esta época e a arte nesta época”, afirmou.
O museu municipal dedicado a Santo António tem estatuária, ourivesaria, azulejaria que representam o Doutor da Igreja português de diversas formas que tem associada uma “iconografia muito rica” – Azulejaria, ourivesaria, cerâmica, pintura.
“Os objetos permitem contar a história de Santo António, toda a iconografia, os milagres atribuídos, o poder de oratória, a forma como convertia os hereges”, assinala.
Pedro Teotónio Pereira acrescenta que “não se sabe como era Santo António fisicamente” e contextualiza que as primeiras descrições diziam que “era forte e baixo”, pela doença da hidropisia, e depois a imagem é construída “muito à semelhança de São Francisco de Assis”, com o hábito franciscano, “um homem austero, magro”.
“Uma imagem muito variada da imagem de Santo António”, frisa, realçando que ao hábito e ao livro foram “acrescentados outros atributos, o lírio sinal da pureza, a cruz”.
“A arte Barroca vai-lhe colocar o Menino Jesus ao colo, uma imagem muito representada e a mais generalizada e mais conhecida”, explica.
A imagem de Santo António desenvolveu-se também “muito no artesanato português” e, praticamente, “todos os artesãos continuam” a representá-lo, sendo “uma figura quase obrigatória”.
O coordenador do Museu de Lisboa Santo António considera que as peças mais emblemáticas são muito baseadas “na azulejaria”, onde têm “bons painéis”, mas destaca uma peça do Congo, do século XVII.
“Transforma a ideia de Santo António misturado com secretismo africano e brasileiro e dá uma riqueza extraordinária à devoção”, acrescenta.
O santo português nasceu em Lisboa onde viveu cerca de 20 anos, tendo ido depois para Coimbra onde viveu uma década e os últimos 10 anos de vida foram passados em Itália e “morre em Pádua”.
Em Portugal e nos países de língua portuguesa, ao santo popular vão atribuindo “características muito especiais” e desenvolve-se a ideia do “santo casamenteiro e que encontra os objetos perdidos”.
Para o coordenador do espaço museológico Santo António em Lisboa “cheira a majerico, a cravo” e, também, “cheira a sardinhas e à relação entre as pessoas e à alegria”.
Pedro Teotónio Pereira assinala que “é interessante” que a devoção ao santo franciscana difundida pelos portugueses é “mais popular” e outra levada pelos italianos “mais austera, mais séria”.
A entrevista completa e outros textos podem ser lidos na mais recente edição do Semanário ECCLESIA dedicada ao santo português.
LFS/CB