Antigos refugiados de Timor-Leste ainda enfrentam dificuldades

Na aldeia de Haliwen, na Diocese de Atambua (Timor Ocidental), 3500 cidadãos indonésios vivem em casernas e em condições de vida muito difíceis. Na povoação situada a 20 quilómetros da fronteira com Timor-Leste e a 2 de Atambua, vivem estas pessoas, que saíram de Timor-Leste durante os tumultos em 1999 e receberam a cidadania Indonésia, deixando de ser considerados refugiados a partir de 2002. Residem no campo de Haliwen, em grandes casernas feitas com folhas e canas de palmeira, onde cada família com 5 ou 6 elementos ocupa uma divisão de nove metros quadrados. Dormem em esteiras estendidas no chão, cozinham em fogueiras e a água é trazida diariamente em camiões. As condições de higiene são precárias e a má nutrição é uma realidade quotidiana. Os homens vão procurando trabalho e as crianças ficam pelo campo com as mães, porque as famílias não podem pagar a escola. Em entrevista à agência católica UCA News, o Padre Yohanes Seran, director da Comissão da Pastoral de Migrantes e Itinerantes da diocese de Atambua, explicou que tentou várias vezes convencer estas pessoas a aceitar o programa de realojamento do Governo indonésio. Mas as pessoas rejeitam-no porque consideram que o local onde as casas foram construídas é muito remoto. Cada família recebe, no entanto, um auxílio governamental de 11 dólares e 20 quilos de arroz a um preço 70% abaixo do valor de mercado. A diocese oferece também empréstimos até 2 milhões de rupias indonésias aos agricultores e pequenos comerciantes católicos, incluindo os antigos refugiados. Para a Igreja Católica, a situação destes antigos refugiados – 90% dos quais são católicos – é preocupante. “Sem habilitações, os jovens que vieram de Timor-Leste tornam-se um problema social. Muitas crianças tornam-se pedintes e muitos delinquentes juvenis envolvem-se em rixas em Atambua e Kefamenanu”, salienta o sacerdote. “Temos de fazer algo em concreto. Por exemplo, continuar a insistir junto do Governo e das agências internacionais para que auxiliem os antigos refugiados de Timor-Leste”, alerta. Para além do campo de Haliwen, existem outros campos em Belu’s Kada, Kefamenanu e Noelbaki, no extremo ocidental da Ilha de Timor. O P. Seran estima que existam 63.000 antigos refugiados a viver nesta região indonésia.

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