Papa recebeu na manhã deste sábado, no Jubileu dos Governantes, delegações parlamentares de 68 países

Cidade do Vaticano, 21 jun 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV disse, na manhã deste sábado, no Jubileu dos Governantes que “Uma boa ação política pode contribuir para a paz”.
“Uma boa ação política, que favoreça a distribuição equitativa de recursos, pode oferecer um serviço eficaz à harmonia e à paz, tanto a nível social quanto no âmbito internacional”, lê-se no site VaticanNews.
Na programação do Jubileu dos Governantes, na manhã deste sábado, o Papa Leão XIV recebeu Parlamentares e suas delegações provenientes de 68 países e, ao iniciar o seu discurso, definiu a ação política como “a forma mais alta de caridade” pelo seu serviço à sociedade e ao bem comum.
Na sua intervenção, Leão XIV apresentou três considerações fundamentais para o atual contexto cultural.
A primeira destaca a tarefa dos políticos de promover e proteger o “bem da comunidade”, especialmente em defesa dos mais fracos e marginalizados, tentando superar a inaceitável desproporção entre riqueza e pobreza.
Destacando que “uma boa ação política, ao favorecer a distribuição equitativa dos recursos, pode oferecer um serviço eficaz à harmonia e à paz, tanto a nível social quanto no âmbito internacional”.

A segunda reflexão feita pelo Papa aos Parlamentares, diz respeito à liberdade religiosa e ao diálogo inter-religioso.
Também neste campo, continuou o Papa, “a ação política pode fazer muito, promovendo as condições para que haja efetiva liberdade religiosa e possa desenvolver-se um encontro respeitoso e construtivo entre as diversas comunidades religiosas”. Reconhecendo que, “acreditar em Deus, com os valores positivos que daí derivam, é uma fonte imensa de bem e de verdade na vida dos indivíduos e das comunidades”.
Em seguida Papa Leão introduziu o conceito de Lei natural “não escrita pelas mãos do homem, mas reconhecida como universalmente válida e em todos os tempos, encontrando na própria natureza a sua forma mais plausível e convincente”.
“A lei natural”, explicou o Papa, “universalmente válida para além e acima de outras convicções de caráter mais opinável, constitui a bússola para se orientar ao legislar e ao agir, em particular sobre delicadas questões éticas que hoje se colocam de maneira muito mais premente do que no passado, tocando a esfera da intimidade pessoal”. Também foi recordada a Declaração Universal dos Direitos Humanos que já pertence ao patrimônio cultural da humanidade, disse ainda Leão XIV, pois “é um texto fundamental que coloca a pessoa humana no centro da busca pela verdade, devolvendo dignidade a quem não se sente respeitado”.
A terceira consideração feita pelo Papa no Jubileu dos Parlamentares refere-se ao desafio imposto pela inteligência artificial (IA).
Embora se reconheça o seu potencial de ajuda para a sociedade, adverte-se que a sua utilização não deve comprometer a identidade, a dignidade e as liberdades fundamentais da pessoa humana.
O Papa neste ponto destacou que “a IA é um instrumento para o bem do ser humano, não para diminuí-lo ou, pior ainda, para definir a sua derrota”.

“A vida pessoal”, evidenciou ainda o Pontífice, “vale muito mais que um algoritmo, e as relações sociais precisam de espaços humanos muito maiores do que os esquemas limitados que qualquer máquina sem alma possa pré-fabricar”.
Concluindo que a política não pode ignorar tal provocação, ao contrário, é chamada a responder aos desafios da nova cultura digital com visão e atenção.
Por fim, o Papa citou o exemplo de São Tomás Moro para os políticos presentes. Recordando que foi um homem fiel às suas responsabilidades civis e um servidor do Estado, interpretando a política como uma missão para o crescimento da verdade e do bem.
“A coragem com que não hesitou em sacrificar a própria vida para não trair a verdade, torna-o ainda hoje, para nós, um mártir da liberdade e da primazia da consciência. Que o seu exemplo seja também para cada um de vocês fonte de inspiração e de planeamento”.
O evento jubilar do Ano Santo dedicado aos governantes e administradores de todo o mundo, em Roma, inclui a II Conferência Parlamentar sobre o Diálogo Inter-religioso, intitulada ‘Reforçar a confiança e abraçar a esperança para o nosso futuro comum’.
“Foram convidados a participar do evento representantes dos parlamentos dos países membros da União Interparlamentar, bem como líderes religiosos e representantes da sociedade civil internacional, e estarão presentes delegações de 60 países”, refere uma nota do Vaticano enviada hoje à Agência ECCLESIA.
Além da peregrinação dos participantes à Porta Santa da Basílica de São Pedro, a agenda prevê um encontro temático sobre o tema da ‘Dívida Ecológica’, com a participação do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e o concerto ‘Harmonias de Esperança’.
No domingo, os participantes são convidados a participar na oração do Ângelus, às 12h00 (11h00 em Lisboa) na Praça de São Pedro, e depois, num setor reservado, na celebração da Missa presidida pelo Papa na Praça de São João de Latrão, às 17h00 de Roma.
LFS/OC