Ano Santo: Patriarca emérito de Lisboa destaca exemplo de serviço e piedade do Papa Clemente VIII, no jubileu de 1600 (c/vídeo)

«Abre mais o horizonte das práticas jubilares, em termos de caridade, em termos de solicitude, de proximidade», assinala D. Manuel Clemente, lembrando a visita do Papa Francisco à prisão no início do Ano Santo 2025

Foto Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 20 fev 2025 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente, especialista em História da Igreja, destacou hoje o Jubileu do Papa Clemente VIII, “na viragem do século XVI”, o seu exemplo, visitou as várias basílicas romanas, lavou os pés aos peregrinos e distribuiu refeições.

“É uma nota que se desenvolveu muito em jubileus posteriores, e que o Papa Francisco, no atual jubileu, também faz, essa atenção aos pobres, aos peregrinos pobres. O Papa Francisco também juntou os presos. Isto de ir, de estar ao serviço, não só dizer para os outros fazerem, mas dar o exemplo, essa característica é muito notável no jubileu de 1600 do Papa Clemente VIII, e que, de alguma maneira, abre mais o horizonte das práticas jubilares, em termos de caridade, em termos de solicitude, de proximidade”, disse o patriarca-emérito de Lisboa, à Agência ECCLESIA.

D. Manuel Clemente exemplificou que no jubileu de 1600, o Papa Clemente VIII foi à confraria que existia na igreja da Santíssima Trindade, em Roma, “que era uma das mais frequentadas, não só para lavar os pés aos peregrinos, como para distribuir refeições, etc.”.

O entrevistado, especialista em História da Igreja, recordou que no século XVI, “não há o sistema hoteleiro” que existe hoje, “as próprias cidades não tinham uma estrutura higiénica” e tinham-se desenvolvido várias confrarias de apoio aos peregrinos para “tentar minorar problemas do acolhimento, da alimentação, e da higiene”, num tempo em que “tudo era muito precário”, com “contágios, doenças” e grande afluência de pessoas.

“Ocorre muita gente a Roma neste jubileu, muitos peregrinos mesmo numa Europa tão dividida e tão complicada como estava na altura, veremos depois, no século XVII, a Guerra dos Trinta Anos, mas, mesmo assim, o jubileu vai por diante com Clemente VIII, e com todas essas práticas devocionais, penitenciais, indulgências, tudo o que se implicava, e que ele é o primeiro a praticar”, desenvolveu.

Segundo o patriarca-emérito de Lisboa, o Papa Clemente VIII “passa praticamente o ano em práticas jubilares nas várias basílicas romanas”, a dar o exemplo, peregrinando, rezando, “a dar o tom àquilo que devia ser um jubileu propriamente dito”, e a afluência de peregrinos, viam o Papa e “também imitavam, ou, pelo menos, tentavam seguir aquele caminho”.

D. Manuel Clemente, especialista em História da Igreja, explica que este “é um jubileu tridentino”, ou seja, no espírito da reforma da Igreja, e Clemente VIII, o 231º Papa da Igreja Católica, “ligava duas coisas que também são muitas da época, nele eram muito evidentes”, era “um homem muito rigoroso”, concretamente, qualquer desvio doutrinal, qualquer heresia, e “muito piedoso também”.

Foto: Vatican Media

“A Inquisição trabalhava muito nesse sentido, de apurar e ele era muito rigoroso nesse aspeto, mas, ao mesmo tempo, era um homem muito piedoso e essa nota do Papa Clemente VIII está muito dentro deste jubileu”, acrescentou na rubrica semanal dedicada à História dos Jubileus do Programa ECCLESIA, o espaço televisivo da Igreja Católica na RTP2.

Na bula de proclamação do Jubileu 2025, intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), Francisco anunciou solenemente o início e fim das celebrações do 27.º jubileu ordinário da Igreja Católica: De 24 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026.

PR/CB/OC

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