Especialista em História da Igreja lembra «tempo forte do barroco» e um jubileu onde «tudo aconteceu com muita exuberância»
Lisboa, 27 fev 2025 (Ecclesia) – O patriarca-emérito de Lisboa explicou que no Jubileu de 1625 “a grande surpresa” para os peregrinos “é que a obra da Basílica de São Pedro estava a acabar”, enquanto a Basílica de São Paulo extramuros é substituída por Santa Maria, em Trastevere.
“Esse jubileu de 1625 tinha essa surpresa, finalmente, essa basílica, cuja construção tinha sido tão polémica, um século depois, está feita, está magnífica, e as pessoas ficam surpreendidíssimas quando entram em Roma e, sobretudo, quando chegam a São Pedro e veem aquele esplendor, que ainda hoje nos impressiona, quanto mais se vivêssemos no século XVII, porque só se via aquilo que se tivesse diante dos olhos”, assinalou D. Manuel Clemente, no espaço semanal dedicado aos jubileus pelo Programa ECCLESIA (RTP2), emitido a cada quinta-feira.
O patriarca emérito de Lisboa, especialista em História da Igreja, explica que a grande surpresa que os peregrinos podiam ter quando chegavam a Roma para o Jubileu de 1625, do Papa Urbano VIII, é a obra da Basílica de São Pedro “finalmente quase a acabar, o Papa vai sagrar a basílica pouco depois”.
“O que há mais específico, mais marcante, nesse Jubileu de 1625, foi precisamente aquele esplendor, aquele figurado naquela Basílica de São Pedro, que era um dos lugares da romaria”, realçou o entrevistado.
D. Manuel Clemente sublinha que os peregrinos ficavam surpreendidíssimos, “como ainda hoje ficam quando chegam a Roma, sobretudo se vão pela primeira vez, com o impacto que tem aquela magnífica Basílica” de São Pedro.
“Tudo aconteceu com muita exuberância nesse jubileu de 1625; Nós estamos no tempo forte do barroco, e o estilo barroco, na arquitetura, na escultura, na pintura, na música, tudo, no urbanismo, é sempre um estilo para impressionar, muito teatral, que entra para os olhos, entra para os ouvidos”, acrescentou.
No Jubileu de 1625, “como nos outros que seguem”, praticou-se “tudo o que estava dentro da tradição jubilar”, a penitência, a indulgência, peregrinar pelas basílicas romanas, “sobretudo àquelas quatro Basílicas maiores de Roma”, São Pedro e São Paulo, “para ir aos túmulos dos apóstolos, dos fundadores da Igreja de Roma, e ganhar a indulgência”, São João de Latrão e Santa Maria Maior”, mas, existe outra “novidade” neste Ano Santo, por causa da peste.
“Neste jubileu de Urbano VIII, São Paulo foi substituída pela Santa Maria, em Trastevere, que fica mais dentro de Roma. Porque havia peste e São Paulo ficava, como diz o próprio nome, extramuros, ficava fora da cidade antiga, portanto, menos protegida. E, por isso, foi substituída por Santa Maria em Trastevere”, explicou D. Manuel Clemente, no espaço semanal dedicado à história da celebração dos jubileus.
O patriarca-emérito de Lisboa salienta que no Jubileu de 1625 continuaram a desenvolver, “cada vez mais, aquelas possibilidades de acolhimento aos peregrinos”, e o Papa Urbano VIII, “um dos maiores pontificados da história, durou mais de 20 anos, “também foi às basílicas, passou algum tempo a confessar em São Pedro”, e foi às confrarias “para tomar parte nessa ação caritativa em relação aos peregrinos, lavar os pés, dar-lhes alimentos”.
A Igreja Católica está a viver o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da Igreja Católica, que começou com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro pelo Papa, na noite de 24 de dezembro de 2024, até 6 de janeiro de 2026; o Jubileu 2025 foi proclamado por Francisco na bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude).
Na rubrica semanal dedicada à História dos Jubileus, D. Manuel Clemente tem destacado os “grandes jubileus da ordem normal”, “os jubileus ordinários”, porque existem “jubileus mais particulares, extraordinários”, como o Ano Santo da Misericórdia, com o Papa Francisco, em 2016.
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