Para António Fonseca, uma «grande característica» dos movimentos «é serem um pequeno laboratório» onde experimentam «a caridade, a proximidade, o amor recíproco»
Lisboa, 06 jun 2025 (Ecclesia) – O Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades, com “mais de 70 mil peregrinos de mais de 100 países”, vai ser “um dos eventos mais significativos do Ano Santo” 2025, este fim-de-semana, dias 7 e 8 de junho.
“É um dos perfis da Igreja, muitas vezes, quando falamos de Igreja, as pessoas entendem como a hierarquia, a paróquia, o Vaticano. Os movimentos fazem parte de um perfil carismático da Igreja, que existe desde o início da Igreja”, disse Maria do Rosário Cordeiro, do Movimento dos Focolares em Portugal, esta sexta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O Vaticano, através do portal online de notícias, informa que vão participar no Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades “numerosos grupos” de 18 países, de quatro continentes: Brasil, Itália, Espanha, Alemanha, França, Portugal, Polónia, Suíça, Estados Unidos da América, Canadá, México, Argentina, Peru, Colômbia, Reino Unido, Filipinas e Etiópia.
Em Portugal, a Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL) reúne atualmente “cerca de 50 movimentos, associações e novas realidades (novos movimentos)”, com os mais diferentes carismas, e, segundo o seu presidente, essa é “a riqueza”, conseguir congregar “um conjunto alargado de pessoas que têm e que vivem carismas diferentes, mas que, no fundo, todos procuram a mesma coisa, que é instaurar o Reino de Deus na Terra”.
“Se funciona mal, cria fronteiras, se funciona bem, cria pontes. E eu penso que é um dos papéis que temos procurado fazer, exatamente a criação de pontes entre as pessoas, porque quando nos conhecemos uns aos outros, essas fronteiras vão desaparecendo e vão se esbatendo”, explicou João Cordovil Cardoso, à Agência ECCLESIA.
Na CNAL, acrescenta, asseguram “sempre” o respeito pelo carisma de cada movimento e as suas especificidades, mas, “outra coisa que é importante”, é que não se perca a ideia de que pertencem “à Igreja, é uma parte da Igreja”, pelo facto de “viver num movimento”.
“Se calhar, uma grande característica dos movimentos e dos novos movimentos é serem uma experiência, um pequeno laboratório onde nós experimentamos a caridade, a proximidade, o amor recíproco, para que depois o ponhamos em prática na grande escala no trabalho, na sociedade, onde quer que tenhamos essa responsabilidade”, realçou António Fonseca, do Movimento Mambré.
João Cordovil Cardoso é presidente da Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos e pertence à CVX – Comunidade Vida Cristã, uma organização “espalhada por todo o mundo”, que teve como origem nas congregações marianas, fundadas no século XVI, “muito ligadas à Companhia de Jesus” (Jesuítas), que se inspira na espiritualidade inaciana, e “assenta fundamentalmente nos princípios dos exercícios espirituais e da revisão de vida”, etc.
“No fundo, quer ajudar todos os seus membros a viverem a sua fé de cristãos, em pequenas comunidades, abertos ao mundo, e atentos à realidade, com as preocupações habituais que a Igreja nos dá, de justiça social, de paz, preocupações com o ambiente”, salientou.
Maria do Rosário Cordeiro é dos Focolares, um movimento que tem também uma presença mundial, está em todos os continentes, e foi fundado há 81 anos (7 de dezembro de 1943), durante a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade da construção de um mundo unido, por Chiara Lubich, em Trento, no norte da Itália.
“O objetivo, a unidade, não é uma coisa que nós consigamos pelas nossas mãos, é sempre uma coisa que Deus nos dá, é um dom de Deus. Nós prestamo-nos a isso oferecendo o amor recíproco, como Jesus pediu, amamos uns aos outros, e, assim, pedimos-lhe que ele fique entre nós, e que faça a unidade entre nós”, disse a entrevistada que pertence ao movimento que está há 59 anos em Portugal.
No Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2, o representante do Movimento Mambré explicou que são o “mais pequeno” e o mais novo dos três, com “quarenta e poucos anos”, e a fundadora, uma leiga espanhola, está viva.
“Congrega cristãos casados, solteiros, jovens, mais velhos, sacerdotes também, que procuram crescer em três dimensões da sua vida: a sua realidade humana, a sua realidade espiritual e a sua realidade eclesial e teológica. Para serem pedras-vivas nas suas paróquias, nas suas dioceses, serem os auxiliares dos pastores, e também viverem na sua vida quotidiana, aquilo que é comum aos leigos, nas suas mais diversas realidades, na família, no trabalho, a sua santificação, no fundo, é ser fiéis ao projeto de Deus”, desenvolveu António Fonseca.

Do programa do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades, no Vaticano, destaca-se a peregrinação à Porta Santa, e o Sacramento da Reconciliação nas igrejas jubilares, das 08h00 às 18h00 locais, deste sábado, e a Vigília de Pentecostes, presidida pelo Papa, a partir das 20h00, na Praça de Pedro; no domingo, Leão XIV preside à Missa, no mesmo local, a partir das 10h30 (menos uma hora em Lisboa).
PR/CB/OC