Cardeal português destaca que jubileu continua a «motivar» as pessoas a ser «ativas e fazerem esperança no mundo»

Lisboa, 05 jun 2025 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente destacou os “apelos” do Papa Francisco na convocação do Ano Santo 2025, a serem transformados “em sinais de esperança”, num jubileu que continua com Leão XIV.
“Este jubileu, o Papa Francisco, pô-lo sob o signo daquilo que mais é preciso agora, quer na vida dos crentes, quer na vida do mundo, que é a esperança. E a esperança como virtude teologal, é bom não esquecer isso, não é apenas uma expectativa humana, toda a gente tem expectativas para a sua vida, para a vida dos seus, e para a vida do mundo, mas quando o Papa Francisco nos convocou para este jubileu é a esperança teologal, de virtude teologal, uma esperança que vem de Deus, porque ela brota da Páscoa”, disse, na conclusão rubrica sobre a história dos anos santos na Igreja Católica, emitida a cada quinta-feira,n no Programa ECCLESIA (RTP2).
D. Manuel Clemente explicou que, segundo o Papa Francisco, há situações que “podiam fechar o coração” das pessoas, “podiam fechar a colaboração”, mas, “movidos pela esperança”, vão para a frente e vão “fazer também Páscoa nessas situações”, porque “é uma esperança que brota da fé”.
“As situações são graves, há muitos aspetos dramáticos e até trágicos da vida da humanidade atual, todos os dias há gente que morre em conflitos mundiais, então de Gaza, da Ucrânia, são milhares e milhares de pessoas que têm morrido, é uma coisa tremenda, e noutras latitudes também, e o problema da pobreza, o problema dos países que ficam tão inviáveis que a população foge, estas migrações constantes que nem sempre são recebidas, nem acolhidas”, desenvolveu.
O Papa Francisco proclamou o Ano Santo 2025 com a bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude) que, segundo o entrevistado, escreve coisas muito interessantes, “explica, por exemplo, de uma maneira muito sugestiva o que é a indulgência”, porque “o pecado deixa marcas”, e destaca “muitos sinais, que são outros tantos apelos”, que o tempo vai dando e que devem ser acolhidos e atendidos.
“São os sinais deste tempo. Esta alusão aos sinais dos tempos, que falou o Concílio Vaticano II, que despertam a atenção e aos quais nós devemos corresponder. O Papa diz, o que nós devemos fazer durante este jubileu é transformar esses sinais em sinais de esperança”, acrescentou D. Manuel Clemente.
O patriarca-emérito de Lisboa salienta que Francisco enumera situações concretas relacionadas com os jovens e os idosos, os migrantes, e reclusos, lembrando que “é muito significativo” que a última saída do Papa, “poucos dias antes de morrer, foi a uma prisão ao lado do Vaticano”, em Quinta-feira Santa.
Na bula de proclamação do Ano Santo 2025 o Papa Francisco anunciou solenemente o início e fim das celebrações do 27.º jubileu ordinário da Igreja Católica: De 24 de dezembro de 2024 e 6 de janeiro de 2026.
O jubileu 2025 começou com o Papa Francisco, “já de saudosa memória”, faleceu a 21 de abril, e, desde 8 de maio, continua com Leão XIV, D. Manuel Clemente, especialista em História da Igreja, observa que “não é inédito, já aconteceu com outros jubileus”.
Na última conversa dedicada à História dos Jubileus, o entrevistado sublinha que o Ano Santo vai continuar “preenchido por atuações”, “praticamente todas as semanas em Roma”, destinadas a categorias sociais, e atividades profissionais e de vida da Igreja, “para motivar cada uma destas realidades, no sentido de serem ativas e fazerem esperança no mundo”.
A Igreja Católica iniciou a tradição do Ano Santo com o Papa Bonifácio VIII, em 1300, e a partir de 1475 determinou-se um jubileu ordinário a cada 25 anos.
Até hoje houve 27 anos santos ordinários e três extraordinários – os anos santos da Redenção em 1933 (Pio IX) e 1983 (João Paulo II), bem como o Jubileu da Misercórdia, em 2016 (Francisco).
O jubileu, com raízes no ano sabático dos judeus, explica o Vaticano, “consiste num perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.
Esta indulgência implica certas obras penitenciais, como peregrinações e visitas a igrejas.
PR/CB/OC
Ao longo da história da Igreja, foram vários os anos jubilares, cuja lista se apresenta em seguida, com referência aos Papas que o convocaram e presidiram
1300: Bonifácio VIII 1350: Clemente VI 1390: Proclamado por Urbano VI, presidido por Bonifácio IX 1400: Bonifácio IX 1423: Martinho V 1450: Nicolau V 1475: Proclamado por Paulo II, presidido por Sisto IV 1500: Alexandre VI 1525: Clemente VII 1550: Proclamado por Paulo III, presidido por Júlio III 1575: Gregório XIII 1600: Clemente VIII 1625: Urbano VIII 1650: Inocêncio X 1675: Clemente X 1700: Aberto por Inocêncio XII, encerrado por Clemente XI 1725: Bento XIII 1750: Bento XIV 1775: Proclamado por Clemente XIV, presidido por Pio VI 1825: Leão XII 1875: Pio IX 1900: Leão XIII 1925: Pio XI 1933: Pio XI 1950: Pio XII 1975: Paulo VI 1983: João Paulo II 2000: João Paulo II 2016: Francisco 2025: Aberto por Francisco, continuado por Leão XIV |