«Hoje, estou aqui numa circunstância muito diferente, a acompanhar grupos jovens e, portanto, é esta Igreja que cresce, que muda» – Ondina Matos

Roma, 04 ago 2025 (Ecclesia) – Vários portugueses que participaram no Jubileu dos Jovens do Ano Santo 2025 são animadores de grupos ou pertencem a estruturas de pastoral juvenil e voltaram a Roma, ao Vaticano e a Tor Vergata, 25 anos depois da JMJ 2000.
“Cada vez que passo num sítio é reviver-me a memória, é torná-la novamente presente. Fazer esta presença nova nestes sítios torna tudo muito mais especial, porque conseguimos agora absorver alguns pormenores que da primeira vez, com entusiasmo, não consegui e agora, se calhar, consigo retê-los de outra forma e enquadrá-los também num contexto diferente, que é passados 25 anos”, disse Margarida Facas, da Diocese de Coimbra, em declarações à Agência ECCLESIA.
25 anos após a Jornada Mundial da Juventude do Jubileu do Ano 2000, a animadora de um grupo de jovens, na Unidade Pastoral de Conímbriga, explica que o contexto da cidade “e de toda esta volta a Roma é muito diferente, toda a cidade mudou um bocadinho”, mas a “essência mantém-se, as Portas Santas continuam a chamar como se fosse a primeira vez”.
Há 25 anos havia um Deus que me chamava e que me queria pôr nesta experiência radical. E este Deus continuou-me a chamar ao longo dos anos, e hoje queria também ajudar estes jovens a vê-lo e a descobri-lo em tantos jovens que vêm de tantas partes do mundo, só por um objetivo, mostrar que todos, todos podemos ser melhores e diferentes em Cristo Jesus.”

Ondina Matos, da Diocese de Aveiro, há 25 anos era uma “jovem participante, simplesmente, com o grupo de jovens da paróquia”, e, nestas ‘bodas de prata’ desse encontro mundial de jovens do Grande Jubileu do Ano 2000, recorda “uma vivência muito distinta, muito diferente, mas muito rica”, com convites diferentes de vários Papas, e “com uma riqueza muito grande para a Igreja, com várias gerações de jovens”.
“Hoje, estou aqui numa circunstância muito diferente, obviamente, a acompanhar grupos jovens e, portanto, é esta Igreja que cresce, que muda, e que vai acompanhando os tempos e vai acompanhando a história e que os Papas também nos vão convidando a isso e a ser um bocadinho sinal, neste caso, sinal de esperança para o mundo”, desenvolveu a entrevista que pertence ao Departamento da Pastoral Juvenil de Aveiro.
‘Oh Guida, então como é que foi há 25 anos?’, perguntaram os jovens, referiu Margarida Facas que tem “feito alguns resumos do que é que aconteceu”, o que é que viveram em Tor Vergata, que acolheu o encerramento da JMJ do Ano 2000, com São João Paulo, e, este sábado e domingo (2 e 3 de agosto) a conclusão do Jubileu dos Jovens do Ano Santo 2025.
“Ainda relembro aquele gesto do Papa a dançar com os braços no ar no meio da vigília. Passados 25 anos tenho-o presente na minha mente como se tivesse sido hoje e tenho sempre transmitido, ‘olha, aconteceu isto aqui, aqui perdemo-nos, ali encontramo-nos’, porque o vir nestas experiências é andarmos perdidos e encontrados, e em qualquer canto encontrar alguma coisa de especial”, salientou a animadora de Conimbriga.
No grupo da Diocese de Aveiro são quatro pessoas que estão “a reviver os 25 anos” dessa Jornada Mundial da Juventude 2000 e “tem sido muito intenso”, “não é muito frequente” os jovens perguntarem por essas memórias, mas são mais os animadores a “fazê-los viver essa história” o que é também “bom” serem os mais velhos a recordar que “esta Igreja tem uma história”, que fazem parte dela, como “eles um dia também irão com os jovens de outras gerações fazer um bocadinho história e fazer parte dessa história futura”.
“Por exemplo, a Missa de abertura, há 25 anos nem sequer conseguimos chegar à Praça de São Pedro, ficámos numa transversal, nem sequer víamos a basílica, e 25 anos depois conseguir estar de pleno na Eucaristia, na Praça de São Pedro, foi um momento muito rico e muito alto”, lembrou Ondina Matos.
Viver não só com este saudosismo do passado, mas viver também com esta esperança no futuro da juventude que acompanhamos e viver exatamente com esta esperança de que estas novas gerações que estão agora a viver este Jubileu da Esperança sejam elas próprias catapultadas para o futuro como sinais de esperança, de força viva na Igreja do Futuro” – Ondina Matos
Margarida Facas, da Unidade Pastoral de Conímbriga (Diocese de Coimbra), recordou o “grande apelo” de São João Paulo II aos jovens, “não tenham medo”, e afirma que se tivessem medo não teriam “voltado passados 25 anos, nem embarcado em tantas aventuras”.
Esta força que ele nos deu para acreditar nos jovens e para não termos medo de avançar é essa a grande mensagem que eu levei daqui de Tor Vergata e que guardei até hoje.”

O diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), também participou no Jubileu do Ano 2000 e esteve em Tor Vergata com o São João Paulo II, que, recorda, foram desafiados pelo Papa polaco a que não tivessem “medo de ser jovens, jovens felizes”.
“Que não tivéssemos também medo de incendiar a Igreja, incendiar a Igreja com a nossa alegria”, destacou, em declarações à Agência ECCLESIA, na cidade italiana de Assis.
“Passados 25 anos estava a refletir sobre isso e vi os jovens imensamente felizes, imensamente alegres, no abraço da paz, e, portanto, num sítio de paz, e nestes momentos desafiantes no mundo, é muito importante que também os jovens portugueses levem esta mensagem, uma mensagem de acolhimento, de encontro entre todos os jovens, entre todos os países, para Portugal”, explicou Pedro Carvalho.
CB/OC