Ano Santo: Encontro de Leão XIV com Fátima deve sublinhar mensagem de paz, antecipa diretor do Museu do Santuário

Imagem venerada na Capelinha das Aparições desloca-se pela quarta vez a Roma, no contexto do Jubileu da Espiritualidade Mariana

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Fátima, 09 out 2025 (Ecclesia) – O diretor do Museu do Santuário de Fátima considera que a paz vai marcar o Jubileu da Espiritualidade Mariana, que se realiza no Vaticano, no fim de semana, contando com a presença da imagem venerada na Capelinha das Aparições, na Cova da Iria.

“Eu suponho que o Papa Leão XIV, nesta jornada de espiritualidade mariana, se preocupe, diante da imagem da Nossa Senhora de Fátima, com o tema da paz”, afirmou Marco Daniel Duarte, em declarações à Agência ECCLESIA.

Apesar do curto tempo de pontificado, a partir do qual ainda não é percetível saber “que tipo de gestualidade vai ficar na história em relação ao atual Papa”, o responsável não tem dúvidas de que Leão XIV “é um Papa mariano”.

“Isso percebeu-se desde a primeira hora, nós vamos estar na jornada mariana, [o Papa] quer esta imagem lá”, destacou.

Para Marco Daniel Duarte, o encontro do “bispo vestido de branco” com a “Senhora mais brilhante que o Sol e, portanto, toda também vestida de branco”, é sempre um encontro que “fala de igreja”.

“Ela é também imagem da Igreja, ele é também imagem da Igreja enquanto vigário de Cristo. Portanto, nós estamos ali perante dois ícones do catolicismo, são ícones muito fortes e que apelam, naquelas vestes brancas, à linguagem da paz”, indicou.

A imagem de Nossa Senhora de Fátima, presente na Capelinha das Aparições, sai esta sexta-feira do Santuário da Cova da Iria para regressar pela 4º vez ao Vaticano, 12 anos depois, por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana, a pedido do Papa Francisco e reafirmado pelo Papa Leão XIV.

Foto: Agência ECCLESIA/MC

O pontífice vai estar em oração junto à imagem centenária no sábado, pelas 18h00 locais (menos uma em Lisboa), na vigília de oração, na Praça de São Pedro, e na Missa a que preside no domingo, perlas 10h30, no mesmo lugar, informa o Santuário de Fátima.

Ao longo do dia de sábado, até à vigília de oração, a imagem estará presente na Igreja de Santa Maria in Traspontina, para veneração dos peregrinos, seguindo, às 17h00, em procissão para São Pedro.

“É com muita alegria que vivemos este momento, obviamente, mas sempre com o peso da responsabilidade. Na verdade, uma viagem desta natureza exige que se congreguem várias equipas, que essas equipas sejam disciplinares, porque passam não apenas pela questão da história da arte, mas também da Conservação e Restauro”, afirma Marco Daniel Duarte.

Segundo o diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, o entusiasmo é vivido também pelo facto de saber que, quando a imagem vai a Roma, volta “também mais rica”.

“Por um lado, porque ajudou a adensar o mistério petrino, na verdade, porque vai junto do Papa, e por outro lado, porque traz também consigo esta história e ajuda também a tornar mais rica a história de Fátima. Portanto, é uma grande responsabilidade e é uma responsabilidade que temos gosto em viver e que, enfim, de alguma forma também ajudar a protagonizar”, referiu.

Foto: Santuário de Fátima

A saída do ícone para o Vaticano vai estar em destaque no programa ’70×7′ deste domingo, transmitido pelas 17h30 na RTP2, dedicado à imagem localizada no coração do Santuário de Fátima, através dos testemunhos dos profissionais que com ela trabalham e lidam de perto.

Marco Daniel Duarte é um dos casos, considerando que a escultura e a Capelinha das Aparições representam uma espécie de axis mundi (eixo do mundo) do Santuário.

“É à volta deste binómio que os peregrinos todos se reúnem para celebrar a sua fé, ou para, na intimidade do seu coração, mesmo que estejam sozinhos na Capela das Aparições, é, de facto, esta topografia do Sagrado que caracteriza a Cova da Iria”, salientou o entrevistado.

Sobre o alcance universal da mensagem de Fátima, o diretor do Museu do Santuário salienta que “é muito difícil perceber” como é que de um “lugar que não aparecia em nenhum mapa do mundo em 1917, consegue sobressair uma mensagem tão forte, tão brilhante, tão fulgurante, que atinge o mundo em muito poucos anos”.

“Há várias explicações para isso, desde logo a própria força da mensagem. Mas também é verdade que uma das razões pode passar por esta escultura e pela sua força também plástica, também do ponto de vista artístico”, assinala.

Ao contrário do que muitas vezes a “historiografia artística fez passar, que era uma escultura pobre do ponto de vista artístico”, Marco Daniel considera que o que prova “a sua fulgurante difusão” é perceber como ela é “verdadeiramente rica” em “símbolos que são absorvidos pela comunidade crente”.

“Muita da difusão de Fátima deve-se claramente a este ícone”, sublinhou.

Além da dimensão que a imagem atingiu no mundo, o testemunho de Marco Daniel no Programa ’70×7′ deste domingo inclui o tema da sua conservação e restauro.

LJ/OC

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