Ano Santo: Clero de Évora em formação para perceber o contributo à sociedade e às pessoas, «para uma necessidade de ter luz»

D. Francisco Senra Coelho destacou a vivência jubilar da arquidiocese e como também é «peregrino da esperança»

Foto: Folha do Domingo/Samuel Mendonça

Albufeira, 16 jan 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora explicou como a arquidiocese alentejana está a viver o Ano Santo 2025, o Jubileu da Esperança, a começar pelos sacerdotes que estão em formação e “com alegria a olhar para o grande desafio”.

“Estamos aqui a olhar para o jubileu, para o Ano Santo, para a esperança, para percebermos o contributo que podemos dar à sociedade, às pessoas, a partir das nossas comunidades, para uma necessidade de ter luz, de ter de facto horizonte naquele caminho da esperança que o Papa nos propõe”, disse D. Francisco Senra Coelho, em entrevista à Agência ECCLESIA.

‘Jubileu: Tempo de graça e de renovação da Igreja e do Presbítero’ é o tema da 18.ª jornada de atualização do clero das dioceses da Província Eclesiástica de Évora – Algarve, Beja, Évora – com a Diocese de Setúbal, que também participa “com a amizade e a proximidade” há vários anos.

“Estas cerca de oito dezenas de padres têm de facto esta preocupação de não nos deixarmos parar, estacionar, diria mesmo instalar. A formação contínua hoje faz parte de qualquer desafio profissional, de qualquer dimensão de iniciativa, de criatividade, muito mais para um pastor”, assinalou o arcebispo de Évora.

Este encontro de formação que reúne bispos, padres, diáconos e seminaristas em final de formação das quatro dioceses do sul de Portugal, desde segunda-feira, dia 13, em Albufeira, é organizado pelo Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE), e termina hoje, dia 16 de janeiro.

D. Francisco Senra Coelho explica que é necessário perceberem os desafios de cada ano pastoral, acompanhar o Papa Francisco “na bússola que ele vai indicando e sugerindo objetivos e caminhos”.

A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025 – o seu 27.º jubileu ordinário –, celebração que acontece a cada 25 anos -, com o tema ‘Peregrinos da Esperança’, iniciado pelo Papa Francisco na noite de 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, as dioceses católicas começaram o jubileu dia 29 de dezembro.

Sobre a vivência do Jubileu 2025 na Arquidiocese de Évora, D. Francisco Senra Coelho destaca que começaram “com uma celebração que surpreendeu, com uma catedral repleta”, no dia 29 de dezembro, e, agora, com a participação de “27 padres”, “com alegria a olhar para o grande desafio”, na 18.ª jornada de atualização do clero.

“Depois, olhamos para a planície e sentimos tantos desafios, uns com o sabor do Redentor e outros com sabor maternal. Queremos, com dois olhares, sentir o abraço de Jesus, nos três Santuários Cristológicos, e em todos os Santuários Marianos”, acrescentou.

O arcebispo de Évora refere que querem também viver o Ano Santo a nível vicarial, “das populações, a experiência bela de estarem juntos por concelhos unidos, 24 concelhos em seis vigararias”, e realizar peregrinações da esperança aos santuários: “Abrir portas, alargar tendas, vislumbrar madrugadas, perceber primavera, as flores da amendoeira que vencem o inverno gelado da vida e anunciam um sol novo”.

Outro projeto da arquidiocese eborense para o Jubileu da Esperança é celebrar por temáticas pastorais concretas, a Pastoral da Saúde, o mundo da evangelização, “a Pastoral da Infância e da Adolescência, as catequeses, a Pastoral da Juventude”, a questão social, a família, “o mundo da aula de Religião e Moral Católica”.

“E depois vão-se juntar a estas iniciativas os movimentos eclesiais. Tudo isto está programado na Arquidiocese, assim como santuários da esperança, pontos de encontro da indulgência plenária, jubilares”, desenvolveu D. Francisco Senra Coelho.

CB/OC

“Este Ano Santo, para nós bispos, para mim bispo, faz-me encontrar com Cristo e fazer as caminhadas da vida com Ele, percebendo que só Ele é também o meu pastor para eu ser com Ele pastor, porque Ele tem que ser o pastor através de mim.” – D. Francisco Senra Coelho

O arcebispo de Évora explicou também como é que está a ser peregrino da esperança neste Ano Santo 2025, e destacou que o primeiro ponto que Deus lhe coloca “é compreender que a vida é para todos”, como o pastor da Igreja Católica não é “uma espécie de diretor de um clube de associados, que são os católicos”.

“Eu ser capaz de perceber no rosto de cada ser humano o modo como Deus olha esse ser humano e muitas vezes o olhar de Cristo não é igual ao meu, eu condeno, eu crítico, eu sou capaz de ter as minhas opções, as minhas preferências e tenho que me converter: Como é que Cristo olha para esta pessoa com a qual eu não concordo com o seu procedimento? Está aqui uma estrada muito profunda da conversão do meu olhar, porque só acontece um olhar novo para a pessoa se o meu coração também se converter e se mudar e for um coração diferente”, desenvolveu.

Neste contexto, exemplificou com os encontros com pessoas “em história muito atribulada, por exemplo, em estabelecimentos prisionais”, porque o construir amizade com essa pessoa “exige que pergunte muitas vezes como será que Cristo olha para esta pessoa”, como será que Cristo vê alguém que “teve este acontecimento tão complicado na sua vida”.

“E parece que em primeiro lugar ele iria ao filho pródigo, parece que em primeiro lugar ele iria a encontrar-se com Mateus, com Zaqueu, com a Samaritana, com a pecadora arrependida e disse até para deixar 99 ovelhas no aprisco e ir ao encontro da ovelha perdida. Este é um desafio muito profundo, porque mexe com o comodismo, com a instalação, com as certezas e para dialogar com alguém é preciso admitir que não somos donos da verdade, que temos que aprender e temos que receber”, acrescentou o arcebispo de Évora sobre “um desafio grande que o Ano Santo faz” de ser pastor de todos, para todos e com todos.

 

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