Ano Santo/América Latina: «Povos Originários constituem uma voz insubstituível dentro da comunhão eclesial» – Leão XIV

Papa salienta que devem apresentar «com coragem e liberdade» a sua «riqueza humana, cultural e cristã»

Cidade do Vaticano, 16 out 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV afirmou que os povos originários “devem apresentar com coragem e liberdade a sua riqueza humana, cultural e cristã”, numa mensagem ao jubileu deste setor promovido pelo Conselho Episcopal da América Latina e Caraíbas (CELAM).

“No concerto das nações, os povos originários devem apresentar com coragem e liberdade a sua própria riqueza humana, cultural e cristã. A Igreja escuta e enriquece-se com as suas vozes singulares, que têm um lugar insubstituível no magnífico coro onde todos proclamamos: «Senhor Deus eterno, cantamos-Te com alegria, a Ti a nossa louvor» (cf. Hino do Te Deum)”, escreve Leão XIV, na mensagem divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.

O Papa acrescenta que nesse “louvor comum” recordam o apelo do Evangelho a “evitar a tentação de colocar no centro aquilo que não é Deus”, como “o poder, a dominação, a tecnologia ou qualquer realidade criada”, para que o coração permaneça sempre orientado para “o único Senhor, fonte de vida e esperança”.

Leão XIV, que foi missionário e bispo no Peru (América Latina), assinala que a longa história de evangelização que os povos originários conheceram, “como tantas vezes ensinaram os bispos da América Latina e das Caraíbas, está repleta de ‘luzes e sombras’”.

Na mensagem enviada às Redes de Povos Indígenas e à Rede de Teólogos da Teologia Indígena, por ocasião do seu jubileu da CELAM, acrescenta que o Jubileu é um “tempo precioso para o perdão”, que convida a ‘perdoar de coração os irmãos’ e a reconciliarem-se com a “própria história e a dar graças a Deus pela sua misericórdia”.

“Reconhecendo tanto os pontos positivos como as feridas do nosso passado, compreendemos que só poderemos ser Povo se nos abandonarmos verdadeiramente ao poder de Deus, à sua ação em nós. Ele, que inseriu em todas as culturas as «sementes do Verbo», faz com que elas floresçam de uma forma nova e surpreendente, podando-as para que dêem mais frutos”, desenvolveu o Papa que tem cidadania peruana.

O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, numa mensagem ao Jubileu dos Povos Originários, como Igreja pediu “perdão por feridas” dos momentos em que a dignidade das pessoas não foi valorizada, nem os seus direitos respeitados, e reafirmou “o compromisso de caminhar juntos”.

“Quero agradecer a Deus pelo testemunho que vocês oferecem. O vosso amor pela terra, respeito pelos idosos, sentido de comunidade e capacidade de viver em harmonia com a criação; isso faz de vocês um presente de Deus para toda a Igreja”, acrescentou o cardeal Michael Czerny.

O Conselho Episcopal da América Latina e Caraíbas está a realizar o Jubileu dos Povos Originários latino-americanos, pelo Ano Santo 2025, um encontro virtual que termina esta quinta-feira, realizado de 14 a 16 de outubro.

“No diálogo e no encontro, aprendemos com os diferentes modos de ver o mundo, valorizamos o que é próprio e original de cada cultura e, juntos, descobrimos a vida abundante que Cristo oferece a todos os povos”, indicou o Papa.

Leão XIV começou a sua mensagem às Redes de Povos Indígenas e à Rede de Teólogos da Teologia Indígena a manifestar “grande satisfação” por associar-se a este evento virtual, e recorda que o Papa Francisco, ao programar os momentos jubilares, “quis destacar a universalidade da Igreja”, que se manifesta em tantas vocações, idades e situações de vida.

“Essa mesma universalidade, que não uniformiza, mas acolhe, dialoga e se enriquece com a diversidade dos povos, inclui de modo especial vocês, os Povos Originários, cuja história, espiritualidade e esperança constituem uma voz insubstituível dentro da comunhão eclesial”, indicou.

A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da sua história; uma iniciativa do Papa Francisco, que o dedicou ao tema da esperança, e está a ser continuado com o pontificado de Leão XIV.

“Que este ano de graça fortaleça os laços de comunhão entre os povos e inspire uma resposta renovada à diversidade das culturas indígenas do continente”, desejou o cardeal Michael Czerny, colaborador do Papa Leão XIV.

CB/OC

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