Ano Santo 2025: Procissão inédita levou emoções da Semana Santa ao Jubileu, em Roma (c/fotos)

Irmandades e Confrarias de Portugal, Espanha, França e Itália apresentaram devoções e imagens seculares, na sua celebração jubilar, perante dezenas de milhares de pessoas

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Roma, 17 mai 2025 (Ecclesia) – Irmandades e Confrarias de Portugal, Espanha, França e Itália levaram hoje imagens e tradições de muitos séculos, numa procissão inédita pelas ruas de Roma, para assinalar a sua celebração jubilar no Ano Santo 2025.

Perante dezenas de milhares de pessoas reunidas nos espaços junto ao Coliseu e ao Circo Máximo, a procissão maior do evento foi aberta pela imagem do Santíssimo Cristo de Sexta-feira Santa de Mafra, transportada pelos membros da Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento.

“É uma honra, é uma graça, uma graça divina que Deus Nosso Senhor nos proporciona, a todos nós, aos que viemos e aos que ficaram em Portugal, os nossos irmãos que não puderam vir”, disse à Agência ECCLESIA o juiz da irmandade, Manuel Freixedas Torres.

O responsável destaca ainda a oportunidade de participar, este domingo, na Missa de início do ministério petrino do Papa Leão XIV.

“É difícil exprimir em palavras o sentimento que tenho neste momento e que penso transmitir por todos os nossos irmãos”, acrescentou, visivelmente emocionado.

A imagem do Santíssimo Cristo de Sexta-feira Santa de Mafra, do século XVIII, abriu a primeira procissão, com nove convidados: Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra (Portugal); Arciconfraternita Vaticana di Sant’Anna de’ Parafrenieri (Itália); Cofradía del Dulce Nombre de Jesus Nazareno de León (Espanha); Priorato Ligure delle Confraternite (Itália); Archiconfrérie de la Sanch de Perpignan (França); Confraternita Maria SS. Addolorata di Enna (Itália); Pontificia, Real e Ilustre Hermandad y Cofradía de Nazarenos del Santísimo Cristo de la Expiración y Nuestra Madre y Señora del Patrocinio en su dolor y gloria de Sevilha (Espanha); Pontificia y Real Archicofradía del Dulce Nombre de Jesús Nazareno del Paso y María Santísima de la Esperanza de Málaga (Espanha).

A autoria da imagem é atribuída ao escultor Manuel Dias e foi oferecida pelo rei D. João V, em 1736.

Manuel Freixedas Torres quis recordar os cristãos “mortos, perseguidos” em várias partes do mundo, falando num sentimento “muito especial” por poder participar num momento de “profundo significado histórico e religioso”.

A imagem foi acolhida na igreja de Santo António dos Portugueses, onde esteve exposta à veneração dos fiéis que participam nas celebrações jubilares, em Roma.

Segundo o Vaticano, o Jubileu das Irmandades e Confrarias reúne participantes de 100 países, com destaque para a presença em Roma, pela primeira vez, duas referências das celebrações da Semana Santa na Andaluzia, Espanha: o “Santíssimo Cristo da Expiração”, mais conhecido como “El Cristo del Cachorro” de Sevilha, uma do barroco andaluz de 1682, com quase dois metros de altura e levada em procissão por 42 pessoas; e a “Virgem da Esperança” de Málaga, também muito venerada e transportada por 270 pessoas.

A passagem destas imagens foi acompanhada por palmas e gritos de “Roma é de Espanha”, pelos milhares de peregrinos espanhóis que quiseram acompanhar este momento.

José Luis veio de Sevilha, com a família, e mostrava-se entusiasmado por poder estar junto da imagem que, habitualmente, saí às ruas na Semana Santa.

“Houve quatro anos em que, por causa da chuva, não pudemos sair e foi muito duro”, confessa.

Apesar do dia de sol, a chuva chegou efetivamente a cair durante breves períodos da procissão, ao final da tarde.

O peregrino espanhol assumiu a importância desta devoção para a comunidade e o “orgulho” de poder trazer a Roma este expoente da devoção andaluz.

António também veio de Sevilha, movido pela devoção e pela curiosidade em perceber a “reação” das pessoas.

“Acho que nunca se viu nada assim, aqui”, refere à Agência ECCLESIA.

De Málaga, a jovem Mercedes destacava a imponência do trono da imagem da Virgem da Esperança, carregado por cerca de 270 pessoas, que a levantam sempre que toca o sino e a transportam num vaivém que evoca as ondas do mar.

“É algo impressionante, penso que as pessoas vão ficar muito emocionadas”, indicou.

Manuel e a sua família deslocaram-se junto ao local onde as duas imagens estavam guardadas, com uma fachada onde estava, simbolicamente, pintada a Porta Santa do Jubileu.

“Faz sentido, é uma mensagem de esperança, num dos momentos mais sagrados do nosso calendário, e é uma emoção poder trazer essa experiência aqui, a Roma. Para ser melhor, só se viesse o Papa”, referiu à Agência ECCLESIA.

Além dos membros das respetivas confrarias, o percurso foi acompanhado por centenas de músicos, num itinerário de quase quatro quilómetros, esperando-se que procissão venha a concluir-se pelas 21h30 locais (menos uma em Lisboa).

“É um dia de emoção, de alegria, porque os confrades foram tidos em consideração”, disse Joaquín, explicando que vários membros da família iriam fazer parte da procissão e “não podia faltar”.

Os participantes neste evento do Jubileu são convidados a participar na Missa de início do ministério do Papa Leão XIV, este domingo, na Praça de São Pedro, com as suas vestes tradicionais.

OC

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