«É sempre possível encontrar porque o tema da esperança percorre todos os textos bíblicos», salienta o especialista em Sagrada Escritura
Lisboa, 10 jan 2025 (Ecclesia) – O padre franciscano João Lourenço, especialista em Sagrada Escritura, começou, esta sexta-feira, uma nova rubrica semanal que vai ligar o tema jubilar da esperança às leituras dominicais, no comentário à liturgia no Programa ECCLESIA, na RTP2.
“É muito interessante que demos início a esta perspetiva neste dia do Batismo, em que a liturgia celebra o Batismo de Jesus”, salientou o sacerdote franciscano, sobre a festa do Batismo do Senhor, que a Igreja Católica vai celebrar este domingo, dia 12 de janeiro, com que encerra o tempo do Natal.
Neste contexto, o padre João Lourenço, das leituras deste domingo, escolheu “uma passagem da primeira leitura, do profeta Isaías”, quando diz: “o mensageiro que vem, que vai ser enviado vai proclamar fielmente a justiça, sem desanimar, nem se deixar vencer até que estabeleça a justiça sobre a terra e os povos de além-mar aguardam o seu ensino”.
“É uma perspetiva muito bonita porque significa que a esperança alimenta-se da justiça, como a justiça se fortalece pela esperança”, acrescentou.
O professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP) acrescentou que contemplar e ter presente nestas iniciativas “alguns dos temas fortes que a liturgia apresenta e olhá-los a partir de uma perspetiva de esperança cristã”, e, ao mesmo tempo, ver a esperança cristã se fortalece, em encontrar nesses temas os seus próprios fundamentos, “é uma belíssima ideia e é muito adequada para celebrar o Ano Jubilar”.
Segundo o padre João Lourenço, é possível encontrar sempre o tema da esperança nos textos da Bíblia que as comunidades católicas escutam nas celebrações em cada domingo.
“Uns momentos litúrgicos serão mais adequados outros mais ao de leve, mas é sempre possível encontrar porque o tema da esperança percorre todos os textos bíblicos”, acrescentou o especialista em Sagrada Escritura.
A Igreja Católica está a viver o Ano Santo 2025 – o seu 27.º jubileu ordinário – celebração que acontece a cada 25 anos -, com o tema ‘Peregrinos da Esperança’, iniciado pelo Papa Francisco na véspera do Natal, na noite do dia 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro.
Para o sacerdote franciscano, o ano jubilar não pode ser reduzido “a uma efeméride vaporosa”, “fazer uma viagem, ter uma indulgência”, que é importante, mas, salienta que “não está no âmago da espiritualidade bíblica, para o homem bíblico”, porque o ano jubilar “era de transformação, de mudança, de recomeço”.
“O tema da justiça, hoje, carece ser reiniciado, repensado, não estou simplesmente na justiça forense, essa por ventura também, o Papa também a refere. A justiça como vivência, como compreensão de uma globalidade que tem em conta aqueles que são menos beneficiados pela justiça ou até, muitas vezes, são desfavorecidos”, desenvolveu o padre João Lourenço, esta sexta-feira, 10 de dezembro, no Programa ECCLESIA, transmitido na RTP2, onde também destacou o Ano Jubilar Franciscanos dos oito séculos do ‘Cântico das Criaturas’ de São Francisco de Assis.
No âmbito do Ano Santo 2025, o patriarca emérito de Lisboa, D. Manuel Clemente, especialista em História da Igreja, regressou ao espaço televisivo da Igreja Católica – o Programa Ecclesia na RTP2, em dezembro de 2024, para apresentar a ‘História do Jubileu’, em cada quinta-feira.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
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