Encontro «muito cordial, muito fraterno, não formal», sem «discursos preparados», juntou três detidos, o patriarca de Veneza e o diretor da prisão

Cidade do Vaticano, 07 ago 2025 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje, no Vaticano, com um grupo de peregrinos da cidade italiana de Veneza, incluindo três reclusos da Prisão de Santa Maria Maior, que se deslocaram a Roma em peregrinação jubilar.
Leão XIV recebeu em audiência o grupo que, segundo o portal Vatican News, percorreu os últimos 100 quilómetros, da cidade de Terni até Roma, a pé.
O patriarca de Veneza, D. Francesco Moraglia, explicou que, apesar do regime de restrição a que os reclusos estão sujeitos, tiveram permissão para realizar a peregrinação a Roma, conseguido no final encontrar-se com o Papa.
“Um encontro muito cordial, muito fraterno, não formal. Não houve discursos preparados”, descreve o responsável católico.
Leão XIV, segundo informa o patriarca, referiu que “este caminho jubilar deve permanecer como um ponto firme” para que os reclusos “olhem para um futuro que já devem começar a construir no presente”, nestes anos em que estão em reclusão.
Na audiência, que aconteceu após a passagem pela Porta Santa da Basílica de São Pedro, na Sala do Consistório do Palácio Apostólico, esteve também presente o diretor da prisão de Santa Maria Maior, Enrico Farina, que encarou o momento com o Papa como uma “meta simbólica”, mas também como “etapa de consciência e renascimento”.
“Os olhos deles [reclusos] diziam mais que mil palavras: espanto, gratidão”, assinala.
Para Enrico Farina, a prisão é uma ponte e não apenas um limite e este “caminho é a prova disso”.
O responsável destaca que o encontro com Leão XIV não foi uma recompensa “mas o fruto de um trabalho sério, longo e compartilhado”.
“Um passo concreto em direção àquela missão constitucional e cristã que nos guia todos os dias: oferecer, a quem desejar, uma real possibilidade de redenção”, desenvolveu.
A audiência, em que também participou o capelão da prisão, padre Massimo Cadamuro, ficou marcada pela oferta de presentes dos reclusos ao Papa : uma agenda, o diário da caminhada feita a pé nestes dias e a revista publicada pelos presos dentro da instituição.
Já a diocese presenteou Leão XIV com um cálice e uma patena produzidos pelos mestres vidreiros de Murano.
O patriarca de Veneza deu conta que nos últimos anos a diocese tem procurado fortalecer as atividades dentro das prisões para que reclusos, “que certamente erraram, possam ser ajudadas a trilhar um caminho que não seja apenas de proximidade e solidariedade em palavras, mas também de construção concreta de um projeto de vida”.
A peregrinação a propósito do Jubileu 2025, juntamente com a oportunidade de encontro com o Papa, , insere-se no “compromisso contínuo e abrangente” da Arquidiocese de Veneza com a pastoral dos reclusos nas prisões locais.
Nesse âmbito, o patriarca Moraglia reuniu-se nas últimas semanas com o ministro da Justiça italiano, Carlo Nordio, para discutir a situação das prisões em Veneza e arredores, bem como os esforços para reintegrar os reclusos em sociedade após o cumprimento das suas penas.
LJ