Carmo Rodeia destaca que Papa «tem sido um mestre da comunicação, ao falar essencialmente por imagens», desde o início do pontificado
Roma, 25 jan 2025 (Ecclesia) – A Diocese de Angra, representada pela diretora do Serviço para as Comunicações Sociais de Angra, está a participar no Jubileu do Mundo das Comunicações, o primeiro grande grupo do Ano Santo 2025 no Vaticano, que começou esta sexta-feira, dia 24.
“Há aqui uma conjugação de fatores e de circunstâncias que são muito interessantes, por um lado esta sinalização do Papa, até porque nós estamos hoje mesmo a celebrar o dia do nosso patrono, São Francisco de Sales, e portanto, abrir os jubileus, este ano tão importante para a conversão e para caminharmos na Igreja e para cada um celebrar a sua fé, podermos estar todos juntos aqui a celebrar esta nossa missão, que é de levar a Boa-Nova, acho que é, para todos nós, um momento de grande felicidade”, disse a leiga Carmo Rodeia, em declarações à Agência ECCLESIA.
A diretora do Serviço para as Comunicações Sociais de Angra, e porta-voz desta Igreja diocesana presente nos Açores, considera que começar as começar as grandes iniciativas do Ano 2025, como o Jubileu do Mundo das Comunicações “é a consequência da importância que o Papa dá à comunicação”; cerca de 40 comunicadores de Portugal estão a participar no Jubileu do Mundo das Comunicações até domingo.
“Ele desde o princípio tem sido um mestre da comunicação, ao falar essencialmente por imagens, e falando por imagens consegue chegar mais longe, porque as pessoas entendem e descodificam facilmente a sua mensagem. E por isso, estar aqui em Roma, neste contexto do Jubileu das Comunicações, é efetivamente um momento também de graça: é um momento de graça para mim pessoalmente, é um momento de graça para a Diocese de Angra, porque no fundo também se faz representar e sinalizamos a importância que nós próprios também damos à comunicação”, desenvolveu.
Esta sexta-feira, dia 24 de janeiro, a Igreja Católica celebrou a festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, o Vaticano divulgou a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Comunicações Sociais 2025, com o tema ‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’.
Carmo Rodeia destaca “dois desafios essenciais” do Papa Francisco na sua mensagem onde há “uma interpelação muito grande aos comunicadores”, não só para contar histórias reais, mas também para “desafiar os seus colegas de outros meios de comunicação a colocá-las na agenda”, segundo esta responsável diocesana a fazer aquilo que há muito tempo já deveriam fazer, “que é o media setting e que não conseguem”.
“Um muito prático, que é, num mundo de desinformação, em que o que conta é o ‘soundbite’, e, muitas vezes, o ‘soundbite’ errado, que conduz a um acentuar de clivagens e de desinformação, os jornalistas têm que estar particularmente atentos. E, neste pronunciamento há uma valorização da atividade do jornalista, e isto é muito significativo”, explicou.
Já o segundo desafio essencial, segundo esta antiga jornalista, é um “retomar de ideias antigas de outras mensagens” do Papa, que é calçarem os sapatos e “ir ao encontro das pessoas, contar as histórias dessas pessoas”, o que para os comunicadores da Igreja Católica “é um desafio duplo”.
“É um desafio que desinstala para irmos ao encontro de tanto bem que se faz na Igreja e mostrarmos histórias boas desta vivência, mas, por outro lado, é também um desafio porque os gabinetes de comunicação das dioceses e da Igreja em geral também fazem este papel de mediação com os medias generalistas. E, portanto, fazermos agenda e colocarmos os nossos assuntos na agenda dos medias ditos generalistas também é um desafio”, acrescentou.
Neste contexto, a diretora do Serviço para as Comunicações Sociais da Diocese de Angra salienta que “sempre” que foi próxima dos jornalistas “o resultado é sempre bom”, e sabe que “através de uma proximidade, através da amizade, é efetivamente possível passar a mensagem do Evangelho”.
A Diocese de Angra tem o sítio ‘Igreja de Açores’, um portal online que funciona como uma agência de notícias, “tal qual como a Agência Ecclesia”, e os médias generalistas dos Açores sabem que muitos dos seus leitores, “porque a venda em bancas é muito curta, há mais assinaturas e eles conhecem exatamente o perfil dos seus leitores”, são pessoas comprometidas com a Igreja, “são pessoas que participam na vida da Igreja e que têm, de facto, uma profunda ligação à Igreja”.
“E, por isso, tudo o que é o fervilhar da Igreja, seja dos serviços, seja dos movimentos, seja da atividade do próprio bispo, interessa sempre, uma das preocupações do Sítio Igreja de Açores é justamente contar a dinâmica da Igreja e, através dessas histórias, levar a informação daquilo que é a atividade da Igreja, o pensamento da Igreja, os pronunciamentos da Igreja sobre os mais variados assuntos até aos órgãos de jornalistas”, desenvolveu.
Carmo Rodeia realça que dão conteúdos aos meios de comunicação social e “eles também emprestam uma voz diferente amplificando a mensagem e, portanto, aqui também há uma conjugação de esforços que é muito interessante”.
A Igreja Católica no Arquipélago dos Açores está presente nas suas nove ilhas, a diretora do Serviço para as Comunicações Sociais de Angra, e porta-voz desta Igreja diocesana, destaca que comunicar esta realidade é um deaafio “muito rico e muito plural” porque são nove realidades “completamente distintas” e essas realidades fazem com que “a Igreja se sinta a várias velocidades, a vários ritmos e numa policromia muito grande”.
“Está unida em torno do bispo, são nove realidades completamente distintas, desde logo do ponto de vista demográfico e isso reflete-se, naturalmente, depois no pulsar da Igreja. Curiosamente, eu tenho acompanhado o Sr. D. Armando nas visitas pastorais e fomos a duas ilhas que sofrem dramaticamente da desertificação – Flores, a ilha mais ocidental do arquipélago, e São Jorge, a ilha mais central do arquipélago – e, no entanto, são ilhas onde se sente o fervilhar da Igreja, e uma enorme disponibilidade para aceitar estes novos desafios que derivam de várias circunstâncias, diminuição do número de sacerdotes, necessidade da Igreja dialogar mais e ser mais presente no mundo”, exemplificou a entrevistada.
Segundo Carmo Rodeia, verificam que “muitos dos desafios” no documento final da segunda sessão da 16ª Assembleia Sinodal, dedicada à sinodalidade, que decorreu em outubro de 2024, “já estão a ser postos em prática nos Açores, independentemente da demografia, independentemente das circunstâncias de cada ilha”.
O Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, tem como tema ‘Peregrinos de Esperança’ e foi proclamado pelo Papa Francisco na bula intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana) e teve início no dia 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, e termina no dia 6 de janeiro de 2026.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, a cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
CB/OC