Cerca de 40 comunicadores de Portugal participam no primeiro grande evento jubilar de massas no Vaticano
Roma, 25 jan 2025 (Ecclesia) – Jornalistas e comunicadores de Portugal estão a participar no Jubileu do Mundos das Comunicações, com profissionais de 138 países, destacando a atenção da Igreja e do Papa Francisco a este setor.
“Eu acho que é um sinal importante que a Igreja dá de que está atenta ao mundo e que quer espalhar e levar a sua mensagem de salvação ao mundo inteiro. E é importante, como o D. José Tolentino também dizia, hoje de manhã, para que os jornalistas possam contar esta história do Jubileu e possam entusiasmar outros a participarem e a virem a Roma ou participarem nas suas comunidades”, disse Rita Carvalho, diretora do portal online ‘Ponto SJ’ dos Jesuítas, em declarações à Agência ECCLESIA.
Cerca de 40 comunicadores de Portugal estão a participar no Jubileu do Mundos das Comunicações até domingo; na manhã desta sexta-feira estiveram no encontro ‘Francisco, o pontificado de esperança’, com o cardeal D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé), o padre Antonio Spadaro, subsecretário deste mesmo organismo, e a irmã Simona Brambilla, prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
O presidente da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) destaca que “a importância da comunicação” é um fator que levou a Igreja e, neste caso, o Papa, a definir com “uma grande prioridade para abrir este grande ano para os cristãos”.
“A nós também pertence uma grande responsabilidade em saber interpretar, saber desmontar a mensagem que é necessária, desmontar no bom sentido, desmontar a mensagem que é necessária para transmitir às nossas audiências, aos nossos leitores, aos nossos ouvintes, aos nossos espectadores”, salientou.
Paulo Ribeiro, que é também jornalista, acrescenta que sendo “uma nobre missão” que estão “permanentemente a fazer, dia após dia”, esta particpação no Jubileu do Mundo das Comunicações é também uma forma de parar para refletirem no trabalho que têm “que fazer e na responsabilidade perante a sociedade”, para pensar e discutir em conjunto, “fora da azafama do dia a dia de uma redação, da luta contra o minuto”.
“O facto de os comunicadores, dos jornalistas, terem sido chamados logo no início para abordar este novo desafio para este ano da parte da Igreja, coloca-nos também uma enorme responsabilidade e acho que foi bem visto porque estaremos mais capacitados no final desta jornada, espero eu, tenho fé nesse sentido, para que possamos, de facto, corresponder a esse objectivo e a essa missão”, desenvovleu o chefe de redação do jornal ‘Alvorada’, na Lourinhã.
O diretor de Comunicação da Diocese de Setúbal explica que esta Igreja territorial “tem um enfoque muito grande na comunicação” e “não poderia deixar de estar também no Jubileu das Comunicações”, no grupo organizado pela CEP, com as outras dioceses católicas e com o resto dos profissionais da comunicação que estão em Roma a “refletir, perceber um pouco como é que a esperança se pode tornar veículo, se pode tornar um assunto nas comunicações”.
“Aprendermos a comunicar melhor a esperança, aprendermos a contar as histórias que trazem esperança, sem deixar de falar das que são necessárias também que falar, que não sejam tão boas, mas procurar sempre a esperança na notícia, darmos a notícia com esperança e procurarmos que as pessoas também, de alguma forma, se sintam tocadas por essa esperança e possam levá-las um pouco para a sua vida”, acrescentou Ricardo Perna.
Os comunicadores de Portugal – jornalistas, colaboradores de jornais, de rádios e de gabinetes de imprensa, e responsáveis pelo setor da comunicação na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) – vão participar no Jubileu do Mundos das Comunicações, até domingo.
Rita Carvalho explica que tem “um significado muito grande” participarem neste jubileu no Vaticano, porque inspiram-se muito nas palavras do Papa Francisco e “neste dinamismo que traz à comunicação e ao espaço de diálogo que o Papa está sempre a falar”: “É preciso construir pontos com o mundo, é preciso estar atento ao mundo e criar relações com as pessoas que estão fora, mas também dentro da Igreja, e esse é um bocadinho o nosso carisma e aqui a nossa linha editorial”.
“Nós estamos muito habituados em contar a história e em dar a notícia, mas às vezes também é importante vivermos e experienciarmos, porque ninguém transmite aquilo que não vive e aquilo que não tem. Acho que isto se aplica aos comunicadores cristãos, que são a maior parte daqueles católicos que estamos aqui neste grupo, mas também a todos nós, todos os comunicadores”, acrescentou a diretora do ‘Ponto SJ’ portal online da Companhia de Jesus (Jesuítas) em Portugal.
‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’ é o tema da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Comunicações Sociais 2025, inspirada em dois versículos da Primeira Carta de São Pedro (cf. 3, 15-16), documento divulgado tradicionalmente no dia 24 de janeiro, festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas.
Para a jornalista Juliana Batista, da revista ‘Fátima Missionária’, o importante, no âmbito do Jubileu do Mundo das Comunicações, mas também na mensagem do Papa Francisco para o DMCS, é tentarem “compreender” que é importante comunicarem “de uma forma esperançosa”, como escreveu Francisco, e não focarem-se num tipo de comunicação que “pode criar divisões”.
“Todo o tipo de comunicação deve ser um incentivo ao diálogo, todo o tipo de comunicação deve ser algo que revele ou que mostre abertura aos outros, a comunicação deve criar pontos de diálogo e não deve criar divisões, não deve acentuar ódios, não deve acentuar preconceitos. Eu acho que é essa a mensagem principal e acho que é aquilo que os comunicadores em todo o mundo devem procurar fazer”, desenvolveu a jovem jornalista da revista do Instituto Missionário da Consolata.
Segundo Juliana Batista, a revista ‘Fátima Missionária’ procura ‘histórias e vidas de esperança’, por exemplo, ao mostrarem o trabalho dos missionários em várias partes do mundo, está também a mostrar-se locais onde o trabalho “é dar esperança aos outros e acolher, sobretudo, os mais frágeis e mais despercebidos”.
“Que desenvolvem projetos, alguns deles como centros de escuta, refeitórios, creches, lares, e onde aí procuram ajudar aqueles que são mais frágeis, aqueles que estão mais à margem da sociedade, aqueles que são os mais pobres”, desenvolveu a jornalista.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes (1 de junho em 2025).
CB/OC