Ano Santo 2025: Celebração ecuménica dos Novos Mártires e Testemunhas da Fé assegura «memória» destas histórias de vida

«Há um ódio à fé cristã», afirma Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, que está a celebrar 30 anos de presença em Portugal

Lisboa, 12 set 2025 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) lamenta que “os cristãos continuam a ser perseguidos”, e explica que a celebração dos ‘Novos Mártires e Testemunhas da Fé’, do Ano Santo, vai “registar, criar um catálogo, assegurar a memória”.

“Este registo, estas histórias, estes nomes, estes acontecimentos devem ser guardados, porque constituem, de alguma maneira, um tesouro, algo que pode ser útil, que é valioso, algo que nos pode ajudar a todos a olhar para exemplos da coragem, para exemplos da fé, para exemplos da esperança. Ou seja, pode ser um estímulo e, de alguma maneira, um momento de renovação também da nossa caminhada”, disse Félix Lungu, do secretariado português da AIS em Portugal, esta sexta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O Papa Leão XIV vai presidir a uma celebração ecuménica que evoca 1600 “novos mártires e testemunhas da fé” de várias confissões cristãs, este domingo, dia 14 de setembro, em Roma, uma iniciativa pelo Ano Santo 2025, o Jubileu da Esperança promovido pela Igreja Católica.

“Destes 1600, a maior parte delas ocorreram em África, é o continente onde há registos de mais incidentes de ataques às Igrejas, de intolerância, de discriminação, mas de perseguição também, violenta, pura e dura. E entre os vários países em África a Nigéria destaca-se, é o país mais populoso, a realidade religiosa está dividida, metade do norte são mais muçulmanos e o sul são cristãos, agricultores, pastores no norte”, explicou o entrevistado da fundação pontifícia AIS.

Félix Lungu lamenta que “os cristãos continuam a ser perseguidos, não só os cristãos”, e assinala que quando uma pessoa é perseguida, “quando é encostada a uma pistola, a uma arma, não lhe perguntam se é ortodoxo, se é protestante, se é católico”.

“Há um ódio à fé cristã, e é nessa unidade de facto que se encontra um caminhar juntos de todas as denominações cristãs”, observa.

O Papa Francisco anunciou em julho de 2023 a criação da “Comissão dos Novos Mártires – Testemunhas da Fé’, no Dicastério para as Causas dos Santos, no contexto da celebração do Ano Santo de 2025; durante o Grande Jubileu, com o Papa São João Paulo II, estas pessoas foram lembradas numa celebração ecuménica, que reuniu no Coliseu de Roma representantes das Igrejas e comunidades eclesiais de todo o mundo, no dia 7 de maio de 2000.

“Tanto no Jubileu de 2000, como neste Jubileu de 2025, o objetivo é registar, criar um catálogo, assegurar a memória”, salientou Félix Lungu, que a partir da “expressão muito bonita, ecumenismo do sangue” de São João Paulo II, realçou que ecumenismo leva a pensar “numa ligação mais estreita, a caminhar juntos”.

“Este desejo profundo das várias sensibilidades, várias denominações cristãs, de encontrar a unidade na Igreja, já está a acontecer na prática, nestas situações de perseguição, de intolerância, de discriminação”, acrescentou, no Programa ECCLESIA, onde também comentou a liturgia de domingo, desta sexta-feira, transmitido na RTP2.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o secretariado português da organização internacional Aid to the Church in Need (ACN), está a comemorar 30 anos de presença em Portugal, em 2025; vai realizar a sua peregrinação/encontro anual em Fátima, iniciativa de “convívio, celebração, oração” com colaboradores, amigos e benfeitores, este domingo, dia 14 de setembro, quando a Igreja Católica celebra no seu calendário da Festa da Exaltação da Santa Cruz, que “é uma data fundacional da própria organização”.

HM/CB/OC

Foto: Vatican Media

A uma celebração ecuménica que evoca 1600 “novos mártires” de várias confissões cristãs, decorre a partir das 17h00 (menos uma em Lisboa), na Basílica de São Paulo fora de muros; acontece na festa da Exaltação da Santa Cruz, com 24 delegados de várias Igrejas e comunidades cristãs.

O grupo dos novos mártires, mortos no século XX, incluem 314 testemunhas da fé da Améria, 43 da Europa, 277 no Médio Oriente, 357 na Ásia e Oceânia, 634 na África e 110 mortos durante as missões, em várias partes do mundo.

A cerimónia inclui leituras bíblicas, uma reflexão de Leão XIV, a proclamação das bem-aventuranças, intenções de oração e a apresentação da história de vida dalgumas testemunhas de fé, como a irmã Leonella Sgorbati, morta na Somália, em 2006, ou um grupo de cristãos evangélicos mortos por terroristas, em 2019, no Burquina Faso.

O Jubileu, com raízes no ano sabático dos judeus, consiste num “perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.

Esta indulgência implica obras penitenciais, incluindo peregrinações e visitas a igrejas.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

O atual Ano Santo começou com a abertura da Porta Santa, na Basílica de São Pedro, na vigília do último Natal, pelo Papa Francisco.

 

 

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