D. Manuel Linda presidiu à inauguração do monumento, em Cernache do Bonjardim, e pediu aos legisladores em Portugal que seja criada uma «verdadeira lei que valorize o voluntariado»
Cernache do Bonjardim, 20 out 2019 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização afirmou hoje na inauguração da estátua de D. António Barroso que o monumento à missionarão portuguesa é um “dever de justiça”.
“Este monumento traz-nos à memória a história tensa entre libertação, salvação e inculturação”, disse D. Manuel Linda.
O também bispo do Porto referiu que os missionários são os “maiores fomentadores da verdadeira cultura da globalização”, “expressões sublimes do género humano” e os construtores do “homem novo”, a “exemplo de Jesus Cristo”.
“É preciso resgatar do esquecimento todas esta dimensões, trazer a lume todas estas realizações, dar voz a quantos, por esta razões, sofreram a solidão, a doença, o martírio e a própria morte”, afirmou.
Para D. Manuel Linda, o monumento a D. António Barroso deve constituir um desafio á Igreja na “oportunidade do reforço de um anúncio de esperança” e à sociedade civil e política, resgatando a “amnésia” em relação ao trabalho missionário, nomeadamente do voluntariado.
“Faça-se justiça criando uma verdadeira lei que valorize o voluntariado, mormente o missionário, a exemplo do que acontece em muitos países civilizados do mundo, com a qual as centenas de leigos e religiosos que todos os anos partem para a missão não sejam prejudicados nos seus direitos sociais, mas obtenham o justo reconhecimento”, afirmou D. Manuel Linda.
A inauguração do monumento à missionação portuguesa e evocação da vida de D. António Barroso contou com a presença da maioria dos bispos de Portugal, que se deslocaram a Cernache do Bonjardim após terem participado na Missa de encerramento do Ano Missionário, em Fátima.
Natural de Remelhe, em Barcelos, D. António Barroso nasceu no dia 5 de novembro de 1854 e morreu no dia 31 de agosto de 1918, no Porto, com 63 anos
Considerado como o “Bispo dos Pobres”, foi um dos frequentadores do Colégio das Missões Ultramarinas, em Cernache, criado em 1856 por Sá da Bandeira e encerrado em 1912 por Afonso Costa.
O Colégio das Missões foi frequentada por cinco mil homens e desses foram ordenados 320 padres, cujos nomes ficam inscritos na estátua de homenagem a D. António Barroso, um dos frequentadores deste colégio.
Considerado um dos maiores pensadores da missão do século XIX, D. António Barroso promoveu a renovação do Colégio das Missões Ultramarinas e foi precursor da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas, atualmente designada por Sociedade Missionária da Boa Nova, fundada por Pio XI em 1930.
Na estátua de homenagem, em bronze, D. António Barroso aparece com uma enxada na mão e uma cruz na outra, símbolo anúncio do Evangelho e do trabalho pela promoção e desenvolvimento dos povos.
D. António Barroso foi missionário no Congo, bispo em Moçambique, entre 1891 e 1997, depois bispo de São Tomé de Meliapor, na Índia, entre 1887 e 1889, e bispo do Porto desde 1889 e até 1918.
Como bispo do Porto na transição para o século XX e na emergência da República, D. António Barroso afirmou a autonomia da esfera religiosa diante da política, expressa na “Pastoral do Episcopado Português” de 1911, que motivou a sua prisão, em 1914 e em 1917.
PR