«Ano Laudato Si»: Vaticano defende acesso universal à água potável

Documento lançado por vários organismos da Santa Sé alerta para impacto da concentração de plástico nos oceanos

Cidade do Vaticano, 18 jun 2020 (Ecclesia) – O Vaticano apresentou hoje um novo documento sobre a aplicação da encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’ (2015), apresentando entre as suas principais preocupações o acesso à água potável e à alimentação.

O texto sustenta que o acesso à água potável é “um direito humano fundamental e universal”.

‘A caminho para o cuidado da casa comum – Cinco anos depois da Laudato Si’ é o nome do documento, elaborado pela mesa interdicasterial da Santa Sé sobre a ecologia integral, que apela à “sobriedade” no consumo da água e à sua reutilização na higiene, usos domésticos e agricultura.

O texto, divulgado hoje pelo Vaticano, defende a capacitação das comunidades locais, para promover a sua “autossuficiência hídrica”, e políticas que permitam um fornecimento de água potável “economicamente acessível”, chegando também a “quem não tem capacidade de pagar”.

O uso dos plásticos descartáveis aparece como um dos problemas identificados, sugerindo-se a utilização de “recipientes reutilizáveis e inócuos para a saúde humana”, em alternativa.

Neste contexto, surge a preocupação com a contaminação dos oceanos, “pulmão azul do planeta”, em particular por causa da “presença de plásticos e microplásticos nas correntes marinhas e nos organismos dos animais”.

O Vaticano propõe uma redução da quantidade do plástico, “evitando usar os mares e oceanos como descarga”, e uma maior consciencialização das consequências socioambientais das atividades ligadas ao mar, da pesca ao turismo.

O documento, com mais de 200 propostas para a defesa da natureza e da vida humana, critica projetos de extração submarina de minerais ou hidrocarbonetos, bem como a “pesca intensiva” e a pesca por arrastão.

Do ponto de vista interno, o Vaticano convida os católicos a valorizar o Apostolado do Mar, acompanhando os profissionais deste setor para defender os seus direitos e promover reflexões teológicas “ligadas aos oceanos”.

Outra questão levantada é o “direito humano a uma alimentação adequada”, propondo-se uma produção em “pequena escala”, mais ecológica, dando prioridade ao uso da terra para produção agrícola.

O texto aponta o dedo a “grandes projetos agroindustriais poluentes, que promovem a cultura extensiva e altamente mecanizada, muitas vezes para cultivar produtos não prioritários para a alimentação humana”.

“Adotar e difundir programas de sensibilização, educação e cooperação para evitar o desperdício de alimentos” é outra das propostas do Vaticano, que pede o fim da especulação financeira com bens alimentares.

No documento é ainda sugerido um “uso sustentável das florestas”, como método de “resiliência e adaptação às alterações climáticas”.

Quanto à problemática dos OGM (organismos geneticamente modificados), a Santa Sé deseja um debate que inclua “todas as partes em causa”, que possa ajudar a lançar uma “nova luz” sobre a questão.

A 24 de maio, o Papa assinalou no Vaticano o quinto aniversário da sua encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, lançando um ano especial que decorre até maio de 2021, com o objetivo de “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres”.

OC

 

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Agência ECCLESIA

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