No passado dia 10 de Janeiro, dia litúrgico da memória de São Gonçalo, foi anunciado em Amarante um «ano gonçalino», lembrando os 750 anos da morte do Santo, em 2009. O anúncio foi repetido, em todos os momentos festivos, no fim-de-semana dedicado a São Gonçlao, primeira festa do ano. O Pe. Amaro Gonçalo, Pároco de São Gonçalo de Amarante, explicava-se nestes termos: “É altura de projectar São Gonçalo, como referência eclesial de santidade, desde a mais tenra idade e em todas as idades e estados de vida; é altura de o projectar como referência local, enquanto “imagem de marca” e pontífice da nossa unidade amarantina; é altura de o projectar, como referência cultural, enquanto vulto e culto, expresso em arte e artes tão diversas; é altura de o projectar até como referência global do diálogo entre os povos, até onde chegou o seu nome e a sua fama”. E adiantou alguns desafios para o ano de 2008-2009: “um ano gonçalino, é uma oportunidade única de relançar esta imagem de marca. Contaremos, para isso, com a inauguração do órgão de tubos, com a interpretação da peça teatral “El prodígio de Amarante”, com a publicação das fontes documentais, que nos permitam estudar com rigor o perfil do nosso santo padroeiro. Estaremos, para o ano, nesse dia, em Visita Pastoral, com o Bispo entre nós”. E acentuou uma vertente importante: “É de esperar que a autarquia, as associações locais, a freguesia e a paróquia, façam justiça à história, com uma homenagem condigna a São Gonçalo, abrindo uma ponte para o futuro”. E, com algum humor, deixou um voto final: “Até lá, peçamos a São Gonçalo, que, por amor de Deus, não fuja de cá”! Na tarde de Sábado, no Centro Pastoral, foi apresentado o livro da escritora Cidália Fernandes, “Contos e lendas de Portugal” com duas lendas relativas a São Gonçalo. A escritora, aproveitou para fazer “pedagogia da leitura” e o pároco para fazer “pedagogia da santidade”. Ambos explicaram a forma original, a verdade própria e o sentido comum do género literário, designado por “lenda”. O auditório do Centro Pastoral, com crianças, adolescentes e pais da Catequese, encheu por duas vezes. De registar, a surpresa feita ao pároco com a presença de funcionários, professores e alunos do Colégio de São Gonçalo, que quiseram associar-se à Festa, ajudando na leitura e dramatização de duas lenda e concluindo com um cântico popular a São Gonçalo. Na Missa Dominical, a que acorreram muitos fiéis, devotos e peregrinos, apesar da chuva, o Pároco catequizou sobre a vocação universal à santidade, precisamente a partir do Baptismo. Durante a Eucaristia, a celebração do Baptismo de uma criança proporcionou o desenvolvimento de uma adequada “mistagogia” deste Sacramento. Da parte de tarde também as crianças, adolescentes e pais da Catequese, vieram celebrar o Domingo do Baptismo do Senhor, trazendo algumas recordações e símbolos do Baptismo, tais como o álbum, a vela, a veste branca e a concha, que foram apresentados em momentos diversos da celebração. A reprodução de uma imagem em tela, do Baptismo de São Gonçalo, como pano de fundo, propiciou uma catequese a toda a comunidade, sobre o desafio da santidade, desde a mais tenra idade. Deste modo, os presentes avivaram a consciência da graça baptismal e despertaram para o desejo de escalar essa meta, medida alta da vida cristã comum, seguindo o seu santo padroeiro, em todas as idades, como bem referira o pregador seiscentista Padre António Vieira, num antigo e belo Sermão: “Gonçalo foi Santo, e admirável Santo, na primeira idade de menino; Santo, e admirável, na segunda de mancebo; Santo, e admirável na terceira de varão; Santo, e admirável na quarta de velho; e finalmente Santo, e admirável, na quinta, depois de morto” (Sermão proferido na Bahia, Brasil, a 10 de Janeiro, entre 1682 e 1687). Daí o Pároco lembrou aos presentes, que “de pequenino se faz um grande santo”. No final das missas dominicais, a tradicional oferta dos figos permitiu um contacto próximo entre pároco e fiéis e exprimiu, de modo simbólico, os votos de um fecundo ano de 2008-20009, um ano gonçalino.