Antiga presidente do Conselho Nacional de Juventude pede valorização dos jovens nas várias áreas da sociedade
Lisboa, 09 jan 2022 (Ecclesia) – Rita Saias, antiga presidente do Conselho Nacional de Juventude, disse em entrevista conjunta à Ecclesia e Renascença que existe uma “sub-representação crónica” das novas gerações na política.
“Enquanto o discurso político for distante dos assuntos que são importantes para os jovens, obviamente que os jovens não votarão”, referiu, numa conversa publicada e emitida hoje, a respeito do Ano Europeu da Juventude, que se celebra em 2022 por iniciativa do Parlamento Europeu.
A poucos dias das Legislativas, a entrevistada sublinha que as novas gerações “não são um nicho eleitoral”.
“Não têm os decisores políticos a abordar como prioridades coisas que os jovens precisam, querem ou aspiram. Portanto, os jovens voltam a não se interessar, voltam a não votar e com isso voltam a não ser uma prioridade política”, assinala.
Rita Saias sublinha que muitos entre os mais novos “não se reveem nas estruturas formais de poder”.
“Acabam por participar de outras formas, igualmente legítimas, mas não formais, como as eleições”, precisa.
Há muitos bons exemplos de jovens que fazem a mudança. Quanto mais integrarmos as preocupações e as reivindicações dos jovens, nestas áreas, mais capazes seremos de resolver os problemas para o futuro”.
A convidada da entrevista semanal conjunta fala da “frustração” e da “vontade de emigrar” que muitos sentem, e espera que o Ano Europeu da Juventude ajude a mudar alguma coisa.
“O facto de termos que nos manter durante tanto tempo nas nossas casas de família, faz com que seja muito difícil emanciparmo-nos, pensarmos na construção de uma vida em Portugal”, indica.
Rita Saias, ligada ao associativismo jovem, espera que os decisores políticos não percam a oportunidade de mostrar que estão verdadeiramente preocupados com as gerações mais novas.
“Como é que vão garantir oportunidades de emprego qualificado, digno, bem remunerado para os jovens? Como é que uma empresa que me contrata hoje consegue oferecer aquilo que as pessoas como eu, lá fora, estão a receber?”, questiona.
A entrevistada assinala que, em determinados momentos da pandemia, houve um “discurso de culpabilização de uma geração contra a outra”, posteriormente superado.
Rita Saias comenta também a realização da próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai decorrer no verão de 2023, em Lisboa, considerando que esta vai ser “uma ótima oportunidade para dar destaque à dimensão espiritual” da vida e ajudar alguns jovens a aproximar-se da Igreja.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)