Viver o batismo na ternura de Deus
A cena do Batismo de Jesus, nesta Festa do Batismo do Senhor que encerra o tempo de Natal e inicia o Tempo Comum na liturgia, revela essencialmente que Jesus é o Filho de Deus, enviado pelo Pai ao mundo para cumprir um projeto de libertação a favor dos homens. Jesus obedece ao Pai e cumpre o seu plano salvador, vem ao nosso encontro, solidariza-Se connosco, assume as nossas fragilidades, caminha connosco, refaz a comunhão de Deus com os homens, que o pecado havia interrompido, e conduz-nos ao encontro da vida em plenitude. Da atividade de Jesus, só poderá resultar uma nova criação, uma nova humanidade.
«Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele»: eis uma densa descrição da vida e missão de Jesus Cristo, na segunda leitura dos Atos dos Apóstolos.
«Hoje, Cristo é iluminado: entremos também nós no esplendor da sua luz. Hoje, Cristo é batizado: desçamos com Ele à água, para podermos subir com Ele à glória». Estas são palavras interpeladoras de São Gregório de Nazianzo no Ofício de Leitura de hoje, convidando-nos a entrar na vida em Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem e libertando todos os que eram oprimidos, e a testemunhar o seu amor nos quotidianos da nossa existência, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.
Retomemos palavras do Evangelho: «O céu abriu-se… O Espírito Santo desceu sobre Jesus… Do céu fez-se ouvir uma voz: Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência». O que aconteceu em Jesus deve acontecer em cada um de nós. Batizados em Cristo e enxertados no Espírito Santo, escutamos a mesma voz do Pai: «Tu és o meu filho amado, tu és a minha filha amada! Eu estou contigo, em ti pus toda a minha ternura!»
Esta voz fala-nos sempre: recorda-nos a nossa dignidade de filhos e filhas de Deus; envia-nos a gritar aos nossos irmãos que são amados pelo Pai. Iluminados em Cristo, sejamos luz, ternura, bondade e misericórdia para quem vamos encontrando nos caminhos da vida. E que sejam sempre caminhos no amor de Deus derramado nos nossos corações.
Empenhemo-nos, pois, neste caminho de existência em Deus, um caminho que tem início no Batismo e dura toda a vida, um caminho que nos introduz e faz permanecer como filhos na vida de comunhão com Deus e como irmãos na comunidade de Jesus Cristo. Face aos desertos da indiferença tão globalizada no nosso mundo, sejamos ternura de Deus em atitudes de encontro, proximidade e acolhimento dos irmãos.
Manuel Barbosa
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