E vós, quem dizeis que Eu sou?
O Evangelho deste 12.º domingo do tempo comum confronta-nos com a pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Paralelamente, apresenta o caminho messiânico de Jesus, não como um caminho de glória e de triunfos humanos, mas como um caminho de amor e de cruz. Conhecer Jesus é aderir a Ele e segui-l’O nesse caminho de entrega, de doação, de amor total.
É nesta tonalidade que devem ser escutadas as outras leituras. A Profecia de Zacarias apresenta-nos um misterioso profeta trespassado, cuja entrega trouxe conversão e purificação para os seus concidadãos. Revela que o caminho da entrega não é um caminho de fracasso, mas um caminho que gera vida nova para nós e para os outros. A Carta aos Gálatas insiste que o cristão deve revestir-se de Jesus, renunciar ao egoísmo e ao orgulho e percorrer o caminho do amor e do dom da vida. Esse caminho faz dos crentes uma única família de irmãos, iguais em dignidade e herdeiros da vida em plenitude.
Centremos o nosso olhar no Evangelho, que define a existência cristã como um tomar a cruz do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros. É esse o caminho que eu devo percorrer, para ser fiel ao seguimento de Cristo.
«Quem dizem as multidões que Eu sou?». É a primeira pergunta de Jesus. «E vós, quem dizeis que Eu sou?». É a segunda pergunta a comprometer tudo o que somos e fazemos.
Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia, sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos livros? Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?
Só na oração de encontro confiante com Deus podemos perceber a sua vontade e encontrar o caminho do amor e do dom da vida. Nos momentos das decisões importantes da nossa vida, precisamos de dialogar com Deus e de escutar o que Ele tem para nos dizer.
Jesus continua a questionar-nos. Que dizemos nós de Jesus, diante de Deus, no mais secreto do nosso ser? Que dizemos nós de Jesus, em família, aos filhos, aos amigos, aos irmãos? Quando a ocasião se apresenta, no nosso trabalho, nas nossas relações sociais e em tantos espaços habitados da sociedade, ousamos anunciar claramente quem somos ou temos receio de dizer que somos de Cristo?
Que o Ano Missionário que estamos a viver continue a ser um tempo precioso para renovar os nossos encontros com Jesus Cristo, homem admirável e Deus adorável, e com os irmãos. É nessa adesão a Jesus Cristo que somos verdadeiramente discípulos missionários!
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org