Ano C – 1.º Domingo da Quaresma

Deixar as tentações, acolher o amor de Deus

Neste primeiro domingo da Quaresma, a Palavra de Deus faz-nos tomar consciência das tentações que nos impedem de renascer para a vida nova, que é vida em Deus. Levados pela palavra de fé que está na boca e no coração de cada um de nós, na bela descrição de Paulo, a recusa das tentações só pode ser opção pelos valores do Evangelho.

Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil. O plano de Deus não passa pelo egoísmo, mas pela partilha; não passa pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passa por manifestações espetaculares, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor.

Se Jesus é Filho de Deus, diz-lhe o diabo tentador, Ele é o criador, a Palavra que tudo criou. Daí poder mudar as pedras em pão. Mas Jesus recorda-lhe que o verdadeiro alimento é a Palavra de Deus.

Se Jesus é Aquele que veio instaurar um Reino novo, diz-lhe o tentador, então tem necessidade de poder e glória. Mas Jesus não tomará o poder pela força, menos ainda afastando-Se do seu Pai, o único que merece ser adorado.

Se Jesus é o Filho de Deus, continua a insistir o tentador, pode manifestar a sua divindade através de prodígios que tudo ultrapassam. Mas Jesus veio revelar o verdadeiro rosto de Deus, cujo único poder é a força do amor.

O caminho de Jesus é o mesmo para todos nós que nos dizemos e somos de Cristo. Temos necessidade de acolher sempre a Palavra de Deus, a única a dar sentido e esperança às nossas vidas, de recentrar sempre a verdade da nossa fé em Deus Pai, de acolher sempre de novo o amor misericordioso do Pai.

A Palavra do amor de Deus, que ilumina toda a nossa vida com Deus e com os irmãos, é o melhor antídoto para todas as tentações. Só na fé e no amor podemos vencê-las e aderir radicalmente ao único Senhor das nossas vidas que é Cristo.

Ao longo desta semana, seria interessante refletir sobre os desertos e as tentações que atingem as nossas vidas, e encontrar os meios para os ultrapassar. Podemos também ler a mensagem do Papa para a Quaresma, de que transcrevo esta interpelação: «A Quaresma é tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa necessidade; para chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, e não abandonar, quem sofre a solidão. Acolhamos o apelo a praticar o bem para com todos, reservando tempo para amar os mais pequenos e indefesos, os abandonados e desprezados, os discriminados e marginalizados».

Que tudo concorra para nos ajudar a praticar a Palavra de Deus, que nos convida a deixar as tentações para acolher o amor de Deus. Que isso aconteça com mais intensidade nestes quarenta dias de peregrinação quaresmal!

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

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Agência ECCLESIA

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