Olhar para o céu, partir em missão
A Solenidade da Ascensão do Senhor Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Os discípulos e seguidores de Jesus são chamados a concretizar o seu testemunho hoje.
Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto de salvação do Pai, entrou na vida definitiva de comunhão com Ele. Os discípulos missionários não podem ficar a olhar para o céu numa passividade alienante; têm de ir para o meio das pessoas, continuar o projeto de Jesus. Uma «Igreja em saída e em permanente missão», no dizer do Papa Francisco.
A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência dessa esperança de vida plena em comunhão com Deus. Devem caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas com os irmãos, membros do mesmo corpo, e em comunhão com Cristo, a cabeça desse corpo.
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura… Eles partiram a pregar por toda a parte…». São palavras do evangelho ditas por Jesus ressuscitado, quando aparece aos discípulos e os envia em missão como testemunhas do projeto de salvação de Deus.
E nós, que fazemos hoje?
É um grande desafio testemunhar no nosso mundo os valores do Reino, esses valores que, muitas vezes, estão em contradição com aquilo que o mundo defende e não considera como prioridades da vida.
Com frequência, os discípulos de Jesus são objeto de desprezo e indiferença, de perseguição e morte, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no perdão e no amor, no serviço e no dom da vida.
O confronto com o mundo muitas vezes gera nos discípulos desilusão, sofrimento, frustração. Nesses momentos sabe bem recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.
Olhar para o céu implica estarmos atentos aos problemas e às angústias dos homens e mulheres do nosso tempo, sentirmo-nos questionados pelos sofrimentos e sonhos, inquietações e misérias, esperanças e alegrias que enchem o coração daqueles que nos rodeiam, sentirmo-nos solidários com todos, particularmente com aqueles que sofrem. É isso que a Ascensão nos pede hoje, nesta semana e sempre: olhar para o céu e partir em missão, levando o Senhor no coração.
E neste Dia Mundial dos Meios de Comunicação Social, procuremos sintonizar com o desafio que o Papa Francisco nos faz para que juntos, face aos desafios da inteligência artificial, saibamos assumir uma comunicação plenamente humana.
Manuel Barbosa, scj