Comprometidos com o Evangelho
«Ai de mim se não anunciar o Evangelho! Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta. Tudo faço por causa do Evangelho». São algumas palavras de São Paulo na segunda leitura deste quinto domingo do tempo comum, texto que é da Primeira Carta aos Coríntios.
A expressão «ai de mim se não anunciar o Evangelho» traduz a atitude de quem descobriu Jesus Cristo e a sua proposta libertadora e sente a responsabilidade de a passar às outras pessoas. Implica o dom de si mesmo, o esquecimento dos próprios interesses e esquemas pessoais, para fazer da própria vida um dom a Cristo, ao Reino e aos outros irmãos. Sentimo-nos comprometidos com o Evangelho e com o testemunho do Reino? Esta exigência encontra eco no nosso coração?
O serviço do Evangelho e dos irmãos nunca pode ser uma instalação numa vida fácil, descomprometida, cómoda, pouco exigente. Aquele que dedica a sua vida ao serviço do Reino não é um mero funcionário que cumpre as suas horas de serviço, que resolve os problemas burocráticos que a profissão exige e que se retira comodamente para o seu mundo isolado, em paz com a sua consciência. Deve ser alguém que está sempre disponível para servir a comunidade, para acompanhar, escutar, acolher e encontrar os irmãos. O Evangelho do amor deve estar sempre acima dos próprios interesses e tornar-se dom, serviço, entrega total.
Claro que o Evangelho é a própria pessoa de Jesus Cristo. Ele é o Evangelho vivo. Aí está o evangelista São Marcos a nos dizer que isso se concretiza na sua pregação e ação: palavras e gestos concretos vão a par e passo, sempre a partir do coração acolhedor do Evangelho que nos transforma por dentro. Só assim somos credíveis no nosso testemunho e anúncio. Como os seguidores de então, devemos ser hoje discípulos missionários que têm o Evangelho como alimento essencial.
«Ai de mim se não evangelizar!» Não podemos fazer o impossível, mas devemos testemunhar a nossa fé na Boa Nova: na nossa maneira de reagir face às preocupações da vida, às crises económicas e sociais que nos atingem, aos problemas de saúde e às incertezas nas nossas relações, na nossa maneira de misturar ou não Deus nos problemas das pessoas, nas palavras de alívio que podemos dizer a todo aquele que procura, que duvida, que sofre, ou ainda nas palavras de esperança que podemos ousar dizer, com respeito, face a uma situação difícil da vida. Anunciar com entusiasmo o Evangelho é deixar simplesmente transparecer a sua força que nos habita e transforma.
Manuel Barbosa, scj
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