Permanecer em Cristo
A Palavra de Deus deste quinto Domingo da Páscoa vem recordar-nos que o acesso à vida verdadeira só acontece na união a Cristo. Permanecer em Cristo é a palavra de ordem. Afirmação óbvia mas nem sempre assumida!
O Evangelho apresenta Jesus como a verdadeira videira que dá os frutos bons que Deus espera. Se permanecerem em Cristo, os discípulos serão verdadeiras testemunhas no meio dos homens da vida e do amor de Deus.
A primeira leitura diz-nos que o cristão é membro de um corpo, o Corpo de Cristo. A sua vocação é seguir Cristo, integrado numa família de irmãos que partilha a mesma fé, percorrendo em conjunto o caminho do amor.
A segunda leitura define o ser cristão como acreditar em Jesus e amar-nos uns aos outros como Ele nos ama. São esses os frutos que Deus espera de todos aqueles que estão unidos a Cristo, a verdadeira videira. Se praticarmos as obras do amor, temos a certeza de que estamos unidos a Cristo e que a vida de Cristo circula em nós.
Fiquemos uns instantes no Evangelho. “Eu sou a vinha e meu Pai o agricultor”. Desta parábola, retivemos muitas vezes as palavras ameaçadoras: “Os ramos secos apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem”.
Mas isso é para quem não permanece em Jesus. O verbo “permanecer” aparece mais de dez vezes neste capítulo 15 do Evangelho segundo São João. Trata-se, antes de mais, de estar com o Senhor, porque Ele, o primeiro, é “Emanuel, Deus connosco”. Esta presença não é fugitiva. Inscreve-se na duração, na fidelidade. Quando Deus se une à humanidade no seu Filho feito homem, é para sempre. A Ressurreição de Jesus garante que este “estar connosco” não acabará jamais.
Se aceitamos permanecer com Jesus, Ele introduz-nos na sua intimidade. Jesus faz correr em nós a seiva da sua própria vida. Assim podemos dar frutos que terão o sabor de Jesus. Isso acontece de modo pleno na Eucaristia. Jesus alimenta-nos com o seu corpo e o seu sangue de Ressuscitado. Ele coloca em nós o poder da sua Vida. Tornamo-nos seus discípulos. É assim que se constrói e cresce a Vinha do Senhor, o Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Se os nossos gestos não derramam amor sobre os irmãos que caminham ao nosso lado, se não lutamos pela justiça, pelos direitos e pela dignidade dos outros homens e mulheres, se não construímos a paz e não somos arautos da reconciliação, se não defendemos a verdade, estamos a trair Jesus e a missão que Ele nos confiou, a missão de testemunhar em gestos concretos o amor e a salvação de Deus.
Que assim seja nesta semana, sempre alimentados pela única seiva que é Cristo e permanecendo unidos a Jesus Cristo e unidos entre nós.
Manuel Barbosa, scj
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