Acreditar em Jesus, converter-se a Deus
O Evangelho deste 4.º Domingo da Quaresma vem lembrar-nos que Deus nos ama de tal forma que enviou o seu Filho único ao nosso encontro para nos oferecer a vida eterna. Olhar para Jesus, aprender com Ele a lição do amor total, percorrer com Ele o caminho da entrega e do dom da vida, eis o caminho da salvação, eis o caminho da vida plena e definitiva.
Com o evangelista João somos convidados a contemplar esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós, seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias, adquirimos nos esquemas, nos projetos e no coração de Deus.
O amor de Deus rico em misericórdia, no belo e denso dizer de São Paulo, traduz-se na oferta que nos faz de vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre e que não discrimina ninguém. Como seres dotados de liberdade e de capacidade de opção, compete-nos decidir se aceitamos ou rejeitamos o dom de Deus.
Às vezes, acusamos Deus pelas guerras, violências e injustiças que trazem sofrimento, desespero e morte. Contudo, o texto evangélico é claro: Deus ama-nos e oferece-nos a vida. O sofrimento e a morte não vêm de Deus, mas são o resultado das nossas escolhas erradas, quando ficamos obstinados na autossuficiência e prescindimos dos dons de Deus. Isso não resolve o problema, naturalmente, mas deve fazer-nos pensar e levar-nos a continuar o caminho de inquietação e de confiança plena em Deus.
O Evangelho define claramente o caminho a seguir para chegarmos à vida eterna: trata-se de acreditar em Jesus. Acreditar em Jesus não é uma mera adesão intelectual ou teórica a certas verdades da fé, mas é escutar Jesus, acolher a sua mensagem e os seus valores, segui-l’O no caminho do amor e da entrega ao Pai e aos irmãos. Isso passa pelo ser capaz de ultrapassar a indiferença, o comodismo, os projetos pessoais; passa pelo empenho em concretizar, na vida de cada dia, os apelos e os desafios de Deus; passa por despir o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e os preconceitos, para realizar gestos concretos de dom, de entrega e de serviço que tragam alegria, vida e esperança aos irmãos que caminham connosco.
Neste tempo de caminhada para a Páscoa, somos convidados a converter-nos a Jesus e a percorrer o mesmo caminho de amor total que Ele percorreu.
Em mais uma semana da Quaresma, levemos no coração as palavras finais do Evangelho, que nos convida a viver esta semana na prática da verdade e próximos da luz, com o olhar bem atento ao irmão e com o coração pleno da misericórdia e da bondade de Deus.
Manuel Barbosa, scj
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