Ano B – 17.º Domingo do Tempo Comum

Saciar as fomes do próximo

Deus preocupa-se em saciar a fome da nossa vida e conta connosco para repartir o seu pão com todos aqueles que têm fome de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança. É esta a mensagem principal da liturgia da Palavra deste 17.º Domingo do Tempo Comum.

Na primeira leitura, o profeta Eliseu, ao partilhar o pão que lhe foi oferecido, testemunha a vontade de Deus em saciar a fome do mundo, através de gestos proféticos de partilha e generosidade para com os irmãos.

Com a multiplicação dos pães, o Evangelho retoma a mesma lógica de partilha, concretizada no serviço simples e humilde em benefício dos irmãos.

A fome de pão que a multidão sente e que Jesus quer saciar é um símbolo da fome de vida que faz sofrer tantos dos nossos irmãos.

Os que têm fome são aqueles que são explorados e injustiçados e que não conseguem libertar-se; são os que vivem na solidão, sem família, sem amigos e sem amor; são os que têm que deixar a sua terra e enfrentar uma cultura, uma língua, um ambiente estranho, para poderem oferecer condições de subsistência à sua família; são os marginalizados, abandonados, segregados por causa da cor da sua pele, por causa do seu estatuto social ou económico, ou por não terem acesso à educação e aos bens culturais de que a maioria desfruta; são as crianças vítimas da violência e da exploração; são as vítimas da economia global, cuja vida dança ao sabor dos interesses das multinacionais; são as vítimas do poder e dos interesses dos grandes do mundo; são os refugiados à procura de uma vida humana digna. A lista poderia continuar. É a esses e a todos os outros que têm fome de vida e de felicidade que a proposta de Jesus se dirige.

Mas isso não basta. Jesus dirige-Se aos seus discípulos, a cada um de nós, dizendo: «dai-lhes vós mesmos de comer». Somos convidados a continuar a missão de Jesus e a distribuir o pão que mata a fome de vida, de justiça, de liberdade, de esperança, de felicidade. Depois disto, nenhum discípulo de Jesus pode olhar tranquilamente os seus irmãos com fome e dizer que não tem nada a ver com isso. Os discípulos de Jesus devem fazer tudo o que está ao seu alcance para devolver a vida, a dignidade e a esperança a todos aqueles que vivem na miséria, no sofrimento, no desespero.

No final do Evangelho, os discípulos são convidados a recolher os restos, que devem servir para outras multiplicações do pão. Tarefa nunca acabada, a recomeçar em qualquer tempo e em qualquer lugar onde haja um irmão com fome. Que isso seja também e sobretudo para cada um de nós. Procuremos dar amor, amizade, o nosso tempo ou simplesmente um sorriso. Procuremos partilhar o que somos e temos junto daqueles com quem estamos ou encontramos nos caminhos da vida.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

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