Discípulos de Cristo, sempre em missão
A liturgia da Palavra deste 15.º Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus atua no mundo através de homens e mulheres que Ele chama e envia como testemunhas do seu projeto de salvação. Esses enviados devem ter como grande prioridade a fidelidade ao projeto de Deus e não a defesa dos próprios interesses ou privilégios.
Aí está o exemplo do profeta Amós e dos discípulos que Jesus envia em missão. Essa missão, que só pode ser no prolongamento da própria missão de Jesus, consiste em anunciar o Reino e em lutar objetivamente contra tudo aquilo que escraviza a pessoa e a impede de ser feliz. Antes de os discípulos partirem, Jesus dá-lhes algumas instruções acerca da forma de realizar a missão. Convida-os especialmente à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.
Diz o Evangelho: “Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros”.
O chamamento dos Apóstolos está ligado ao seu envio, à sua missão: serem os companheiros de Jesus, não para ficarem quietos junto d’Ele, mas para serem enviados como suas testemunhas até aos confins da terra. Os discípulos são enviados a testemunhar o amor de Deus.
Jesus envia-os dois a dois, pois um testemunho só era reconhecido como autêntico se levado por duas testemunhas. Mais profundamente, Jesus veio para colocar as pessoas na “circulação do amor”. Deus criou o homem e a mulher para serem à sua imagem.
Jesus veio para acabar com a divisão, provocada pelo espírito do mal, para reconciliar os homens com Deus e entre si. Jesus envia os Apóstolos dois a dois, para que sejam primeiramente, pelo seu comportamento e pela sua vida, testemunhas desta obra de reconciliação. A salvação nunca é individual, é colocada na relação das pessoas entre si, no movimento de amor de Deus.
A missão dos Apóstolos é lutar contra o mal que divide e corrompe. Assim, compreendemos melhor porque Jesus dá conselhos de pobreza. Encher-se de riquezas materiais é arriscar cair na armadilha da possessão egoísta; é entrar no círculo infernal da vontade de poder, da inveja; é centrar-se sobre si mesmo em vez de dar lugar aos outros; é obscurecer o olhar interior e não estar suficientemente disponível para acolher o outro.
Tudo isto continua a ser válido para todos os batizados cuja missão é a de serem testemunhas da Boa Nova do Amor de Deus no coração do mundo. Como nos pede o Papa Francisco, sejamos discípulos missionários, transformados na alegria do Evangelho. Que assim seja nas nossas vidas de discípulos de Cristo, neste domingo e ao longo da próxima semana.
Manuel Barbosa, scj
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