Creio no Senhor da Vida
Neste 5.º Domingo da Quaresma, a liturgia garante-nos que o desígnio de Deus é a comunicação de uma vida que ultrapassa definitivamente a vida biológica: é a vida que supera a morte.
Na nossa existência pessoal passamos por situações de desespero, em que tudo parece perder o sentido. A morte de alguém querido, o desmoronar dos laços familiares, a traição de um amigo ou de alguém a quem amamos, a perda do emprego, a solidão, a falta de objetivos e perspetivas lançam-nos muitas vezes num vazio do qual não conseguimos facilmente sair.
A Palavra de Deus garante-nos: não estamos perdidos e abandonados à nossa miséria e finitude. Deus caminha ao nosso lado; em cada instante Ele aí está, tirando vida da morte, escrevendo direito por linhas tortas, dando-nos a coragem para sair dos sepulcros da vida e avançar mais um passo ao encontro da vida plena.
Diz a primeira leitura: «Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar. Infundirei em vós o meu espírito e revivereis».
E São Paulo na segunda leitura: «Deus, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós».
No dia do nosso Batismo, escolhemos, ou escolheram por nós, a vida segundo o Espírito. A nossa vida cristã só pode ser coerente com essa opção. Não se pode desenrolar à margem de Deus e das suas propostas, numa vida segundo a carne, mas deve realizar-se na escuta atenta e consequente dos projetos de Deus, na vida segundo o Espírito.
No episódio da ressurreição de Lázaro do Evangelho de hoje, afirma Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá».
Diante da certeza que a fé nos dá, somos convidados a viver a vida sem medo. O medo da morte como aniquilamento total torna-nos pessoas cautelosas e impotentes face à opressão e ao poder dos opressores. Mas libertando-nos do medo da morte, Jesus torna-nos livres e capacita-nos para gastar a vida ao serviço dos irmãos, lutando generosamente contra tudo aquilo que oprime e nos rouba a vida plena.
Continuemos a viver o que rezámos no Salmo: «Eu confio no Senhor, a minha alma espera na sua palavra. A minha alma espera pelo Senhor, mais do que as sentinelas pela aurora. No Senhor está a misericórdia e abundante redenção».
Continuemos a viver, com entusiasmo e criatividade e nunca com ar rotineiro e repetitivo, o que proclamámos no Credo: o nosso Deus é o Senhor da Vida e da Ressurreição!
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org