Ano A – 5.º Domingo da Páscoa

Que Igreja somos nós?

A liturgia deste quinto domingo pascal convida-nos a refletir sobre a Igreja, a comunidade que nasce de Jesus e cujos membros continuam o seu caminho, dando testemunho do projeto de Deus no mundo, na entrega a Deus e no amor aos irmãos.

A primeira leitura apresenta-nos alguns traços que caraterizam a Igreja como família de Deus: é uma comunidade santa, embora formada por pecadores; é uma comunidade estruturada, mas onde o serviço da autoridade é exercido no diálogo com os irmãos; é uma comunidade de servidores, que recebem dons de Deus e os colocam ao serviço dos irmãos; é uma comunidade animada pelo Espírito, que vive do Espírito e que d’Ele recebe a força de ser testemunha de Jesus na história.

A segunda leitura também se refere à Igreja: chama-lhe templo espiritual, do qual Cristo é a pedra angular e os cristãos pedras vivas e povo sacerdotal, que tem por missão oferecer a Deus o verdadeiro culto: uma vida levada na obediência aos planos do Pai e no amor incondicional aos irmãos.

O Evangelho define a Igreja como comunidade de discípulos que seguem Jesus, Caminho, Verdade e Vida, que acolhem a sua proposta e aceitam viver em dinâmica de Homens Novos, que possuem a vida em plenitude e que integram a família de Deus.

Acolhendo a Palavra de Deus hoje, só podemos perguntar: que Igreja somos nós?

Depois de mais de dois mil anos de cristianismo, parece que nem sempre se nota a presença efetiva de Cristo nesses caminhos em que se constrói a história do mundo e dos homens. Tantos atentados à vida e à dignidade da pessoa, a corrida aos armamentos, os genocídios, os atos bárbaros de terrorismo, as guerras religiosas, o capitalismo selvagem, o tráfico de pessoas, a corrupção, os atentados contra a natureza, levam-nos a pensar que os critérios que presidem à construção do mundo estão, demasiadas vezes, longe dos valores do Evangelho. Porque é que isto acontece? Cristo é mesmo, para os cristãos, a referência fundamental? As pessoas que se dizem de Cristo e da Igreja fazem de Cristo, efetivamente, a pedra angular sobre a qual constroem a sua vida e a história do nosso tempo? Ser cristãos, pedras vivas, templo espiritual… que significa isso na construção da Igreja hoje?

O Papa Francisco tem-nos desafiado a pensarmos na Igreja que somos, sempre transformados na alegria do Evangelho. Isso só pode acontecer em perspetiva de uma Igreja fiel a quem a gerou e faz crescer, o Espírito de Jesus Cristo, e atenta aos anseios, problemas e alegrias das pessoas do nosso tempo. Enfim, sejamos Igreja em saída, sempre no encontro alegre com Jesus Cristo, com a especial bênção de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, neste mês de Maio que lhe dedicado.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

 

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