Felizes discípulos de Jesus
O Evangelho deste quarto domingo do tempo comum apresenta a magna carta do Reino. Nos primeiros doze versículos do capítulo 5 do evangelho de Mateus, são proclamados bem-aventurados os pobres, os mansos, os que choram, os que procuram cumprir fielmente a vontade de Deus, porque já vivem na lógica do Reino; e recomenda-se aos crentes a misericórdia, a sinceridade de coração, a luta pela paz, a perseverança diante das perseguições, como atitudes que correspondem ao compromisso pelo Reino.
As outras leituras concorrem igualmente para esta reflexão. Na primeira, o profeta Sofonias denuncia o orgulho e a autossuficiência dos ricos e dos poderosos, convidando o Povo de Deus a converter-se à pobreza. Os pobres são aqueles que se entregam nas mãos de Deus com humildade e confiança, que acolhem com amor as suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos. É este o sentido da pobreza.
Na segunda leitura, Paulo denuncia a atitude daqueles que colocam a sua esperança e a sua segurança em pessoas ou em esquemas humanos, assumindo atitudes de orgulho e de egoísmo, e convida os crentes a encontrar em Cristo crucificado a verdadeira sabedoria que conduz à salvação e à vida plena.
Voltando ao Evangelho, vemos que as quatro primeiras bem-aventuranças se relacionam entre si. Dirigem-se aos pobres, que são felizes por se entregarem confiadamente nas mãos de Deus e procurarem fazer sempre a sua vontade, àqueles que deixam de colocar a sua confiança e a sua esperança nos bens, no poder, no êxito e nas pessoas, para esperar e confiar em Deus, àqueles que aceitam renunciar ao egoísmo e aceitam despojar-se de si próprios e estar disponíveis para Deus e para os outros.
Enquanto que neste primeiro grupo se constatam situações, no segundo grupo de quatro bem-aventuranças propõem-se atitudes que os discípulos devem assumir, definindo o seu comportamento cristão: viver a misericórdia, compadecer-se, amar sem limites, ir ao encontro dos irmãos; ter um coração puro, honesto e leal; construir a paz contra toda a forma de violência e propor sempre a reconciliação; lutar pela justiça face a todas as gritantes injustiças que se praticam no nosso mundo.
O Evangelho acrescenta uma nona bem-aventurança, como exortação à alegria para todos os que são perseguidos e sofrem por cumprirem a vontade de Deus; uma situação em que viviam os primeiros cristãos e que continua bem presente no nosso mundo de hoje.
As bem-aventuranças são a mais intensa mensagem de esperança para todos os que desejam ser seguidores de Jesus, encontrando nele a felicidade e a vida plena.
Procuremos também nós viver como discípulos de Jesus, alegres e felizes!
Manuel Barbosa, scj
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