Caminhar como os discípulos de Emaús
A liturgia deste terceiro Domingo da Páscoa convida-nos a descobrir Cristo que acompanha os homens pelos caminhos do mundo, que com a sua Palavra anima os corações magoados e desolados, que se revela sempre que a comunidade dos discípulos se reúne para “partir o pão”; apela ainda aos discípulos a serem testemunhas da ressurreição de Cristo.
É no Evangelho que esta mensagem aparece de forma nítida: Cristo, vivo e ressuscitado, caminha ao lado dos discípulos de Emaús, explica-lhes as Escrituras, enche-lhes o coração de esperança e senta-Se com eles à mesa para “partir o pão”. É neste momento que os discípulos O reconhecem.
E nós, hoje? Na nossa caminhada pela vida, fazemos, frequentemente, a experiência do desencanto, do desalento, do desânimo. As crises, os fracassos, o desmoronamento daquilo que julgávamos seguro e em que apostámos tudo, o fracasso dos nossos sonhos deixam-nos frustrados, perdidos, sem perspetivas, como acontece nestes tempos tão duros de pandemia que continuamos a viver. Parece que nada faz sentido e que Deus desapareceu do nosso horizonte.
No entanto, a catequese que Lucas nos propõe hoje garante-nos que Jesus Ressuscitado caminha ao nosso lado. Ele é esse companheiro de viagem que encontra formas para vir ao nosso encontro, mesmo se nem sempre somos capazes de O reconhecer, e para encher o nosso coração de esperança.
Deus fala-nos, faz renascer em nós a esperança e o entusiasmo, através da Palavra de Deus, escutada, meditada, partilhada, acolhida no coração.
Abrimo-nos para descobrir Jesus, vivo e atuante, na partilha do Pão eucarístico. Sempre que nos sentamos à mesa com a comunidade e partilhamos o pão que Jesus nos oferece, damo-nos conta que o Ressuscitado continua vivo, caminhando ao nosso lado, alimentando-nos ao longo da caminhada, ensinando-nos que a felicidade está no dom, na partilha, no amor. Sempre que nos juntamos com os irmãos à volta da mesa de Deus, celebrando na alegria e na festa o amor, a partilha e o serviço, encontramos o Ressuscitado a encher a nossa vida de sentido, de plenitude, de vida autêntica.
Emaús é a nossa história de cada dia: os nossos olhos fechados que não reconhecem o Ressuscitado; os nossos corações que duvidam, fechados na tristeza; os nossos velhos sonhos vividos com deceção; o nosso caminho, talvez, a afastar-se do Ressuscitado.
Durante o tempo pascal, ajustemos os nossos passos ao passo de Cristo. É urgente abrir os nossos olhos para reconhecer a sua presença e a sua ação no coração do mundo e para levar a Boa Notícia: Deus ressuscitou Jesus! Esta é a nossa fé, vivida na alegria do Evangelho!
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org