Converter-se a Deus, viver em Cristo
As leituras bíblicas deste 25.º Domingo do Tempo Comum convidam-nos a procurar e a descobrir Deus, cujos caminhos e pensamentos estão acima dos nossos. Essa descoberta implica a renúncia aos esquemas do mundo e a conversão às propostas de Deus.
Tudo isto está bem explícito na primeira leitura de Isaías. Os crentes são chamados a voltar para Deus, um movimento que exige transformação radical, de forma que os seus pensamentos e ações reflitam a lógica, as perspetivas e os valores de Deus.
Trata-se de um apelo à conversão, a reequacionar a vida, de modo que Deus passe a estar no centro da nossa existência. Deus deve ocupar sempre o primeiro lugar. Tudo o resto, por importante que seja, é secundário.
Sabemos que a cultura pós-moderna prescinde de Deus, considerando o homem como único senhor do seu destino e cada pessoa com o direito de construir a sua felicidade à margem de Deus e dos seus valores, entendendo que os valores de Deus não permitem ao homem potencializar as suas capacidades e ser verdadeiramente livre e feliz. A questão deve inquietar-nos sempre: O que é que nos faz passar da terra da escravidão para a terra da liberdade? O amor, a partilha, o serviço, o dom da vida… ou o egoísmo, o orgulho, a arrogância, a autossuficiência?
Só poderemos converter-nos a Deus se abraçarmos os seus esquemas e valores, se nos mantivermos em comunhão com Ele. É na escuta da Palavra de Deus, na oração frequente, na atitude de disponibilidade para acolher a vida de Deus, na entrega confiada nas mãos de Deus, que descobrimos e assumimos os seus valores. Assim, a ação de Deus vai transformando a nossa mentalidade, de modo a vivermos e testemunharmos Deus nas várias situações que nos habitam.
A conversão é um processo nunca acabado. Não é demais repetir que todos os dias temos de optar entre os valores de Deus e os valores do mundo, entre conduzir a nossa vida de acordo com a lógica de Deus ou de acordo com a lógica do mundo. Não podemos cruzar os braços, instalados em certezas definitivas ou em conquistas absolutas, mas devemos esforçar-nos por viver cada instante em fidelidade dinâmica a Deus e às suas propostas. Sem preconceitos, sem certezas absolutas, temos de mergulhar no infinito de Deus e deixarmo-nos surpreender pela sua bondade, pelo seu amor.
À luz da parábola dos vinhateiros no Evangelho, ninguém pode ser excluído da procura e da descoberta de Deus em Jesus Cristo. Ou, no dizer de São Paulo, há que levar toda a existência centrada em Cristo, pois «viver é Cristo, procurando somente viver de maneira digna do Evangelho de Cristo».
Manuel Barbosa, scj
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