Ano A – 2.º Domingo do Tempo Comum

Santos e felizes em Deus

Logo a seguir ao Tempo de Natal, a liturgia do segundo domingo do tempo comum coloca-nos a questão da vocação. Convida-nos a situá-la no contexto do projeto de vida plena que Deus oferece, elegendo pessoas para serem testemunhas e anunciadores desse projeto.

A primeira leitura de Isaías insere-nos no dinamismo dessa personagem misteriosa que é o Servo de Deus, a quem Deus elegeu desde o seio materno. «O Senhor falou-me, formou-me desde o seio materno, fez de mim seu servo, fez de mim a luz das nações, para levar Deus a todos».

Não podemos ficar indiferentes a estas afirmações de apelo tão terno de Deus a cada um de nós. Um apelo à ternura, ou, como diz o Papa Francisco, à revolução da ternura como marca das nossas vidas.

A segunda leitura da Primeira Carta aos Coríntios apresenta-nos Paulo, que recorda aos cristãos de Corinto e a todos nós que somos «chamados à santidade», chamados por Deus a viver realmente comprometidos com os valores do Reino, escolhidos como apóstolos.

Aí está mais uma provocação à nossa consciência de batizados, para praticarmos a santidade que nos transforma em discípulos missionários enviados por Cristo a tantas situações da vida, particularmente nas periferias existenciais.

O Evangelho apresenta-nos Jesus, «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo». Ele é o Deus que veio ao nosso encontro, investido de uma missão pelo Pai, missão que consiste em libertar-nos do pecado que nos oprime e não nos deixa ter acesso à vida plena.

A atitude para renovar a vocação só pode ser a mesma que é rezada no Salmo: «Ecce venio, eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade. Aqui estou».

Acolher a Palavra que hoje nos é servida é tomar consciência da vocação a que somos chamados e das suas implicações. Não se trata de uma questão que apenas atinge e empenha algumas pessoas especiais, por vezes infelizmente consideradas à parte na comunidade eclesial, como os bispos, os padres, os frades e as freiras; trata-se de um desafio que Deus faz a cada um dos seus filhos, que a todos implica e compromete.

Na origem da vocação está Deus: é Ele que elege, que chama e que confia a cada um uma missão. A vocação implica essencialmente uma relação de comunhão, de intimidade, de proximidade da pessoa com Deus. Mas não se esgota nessa aproximação. É sempre em ordem a testemunharmos Deus, mesmo quando se trata de uma vocação contemplativa.

Neste dia e durante a próxima semana, pensemos e rezemos a nossa vocação. E rezemos pela fidelidade à resposta que demos a Deus desde o nosso batismo. Só assim seremos santos e felizes em Deus.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

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