Comunidades com coração misericordioso
Se tivéssemos a fotografia da comunidade cristã da sua paróquia, que imagens, que traços apareciam? E se fosse em vídeo, que caminhos, que passos percorridos?
Reparemos na fotografia da comunidade cristã de Jerusalém, tal como aparece na liturgia da Palavra deste segundo domingo da Páscoa: uma comunidade de irmãos, que vive em comunhão fraterna; uma comunidade assídua ao ensino dos apóstolos; uma comunidade que celebra liturgicamente a sua fé; uma comunidade que partilha os bens; uma comunidade que dá testemunho.
Trata-se de uma descrição da comunidade ideal, que pretende servir de modelo à Igreja universal e às igrejas locais. Pensa na tua comunidade cristã e procura ver se é uma comunidade à maneira da comunidade de Jerusalém, nestes cinco elementos.
A tua comunidade cristã é uma comunidade de irmãos que vivem no amor, ou é um grupo de pessoas isoladas, em que cada um procura defender os seus interesses, mesmo que para isso tenha de magoar os outros?
Como comunidade assídua ao ensino dos apóstolos, a tua comunidade cristã é uma comunidade que se constrói à volta da Palavra de Deus, que escuta, que estuda e que partilha essa Palavra?
A tua comunidade cristã é uma comunidade que celebra liturgicamente a sua fé? A celebração eucarística é um rito aborrecido, a que se assiste por obrigação, ou é uma verdadeira experiência de encontro com o Jesus do amor e do dom da vida, uma experiência de amor partilhado com os irmãos de fé?
A tua comunidade cristã é uma comunidade de partilha do amor, do serviço, do dom da vida, uma comunidade que dá testemunho?
Deixa-te também iluminar pelo Evangelho de hoje, pelo Cristo vivo que ressuscita e é paz para ti, pelas atitudes de Tomé tantas vezes semelhantes às tuas, e retoma o caminho sempre novo da fé e da vida nova.
Hoje é também o Domingo da Misericórdia de Deus. Como nos diz o Papa Francisco, «a Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo o Evangelho».
Os nossos contemporâneos sofrem ao verem imagens de violência e morte, atitudes de ódio e vingança. Têm necessidade de palavras e gestos de paz e reconciliação, de ternura e perdão, de fidelidade e confiança, de amor e misericórdia. Não nos podemos contentar em rezar ao nosso Deus “misericordioso, lento na cólera, cheio de fidelidade e lealdade”. Procuremos perdoar, ter um olhar e uma escuta de bondade sobre os outros, refrear os nossos impulsos de cólera, ser fiéis aos nossos compromissos e leais nas nossas palavras e nos nossos atos, enfim, ser pessoas com coração misericordioso.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org