Bondosos e misericordiosos, sempre!
A liturgia deste 16.º Domingo do Tempo Comum apresenta Deus paciente e cheio de misericórdia, e convida-nos a assumir essa mesma atitude na nossa vida.
Em concreto, a primeira leitura da Sabedoria fala-nos de um Deus indulgente e misericordioso, que convida os seus filhos a serem humanos, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.
A segunda leitura sublinha a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo, dom de Deus, vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.
Neste ritmo da vida moderna tão estonteante, com exigências profissionais, problemas familiares, necessidade de ganhar a vida diante de crescentes dificuldades, em que andamos a correr, quase sempre ocupados e cansados, prisioneiros de uma máquina que nos desumaniza e que não nos deixa centrar a nossa atenção no essencial, há que encontrar tempo e espaço para refletir e redefinir o sentido da nossa existência, para perceber se estamos a conduzir a nossa vida segundo o Espírito.
O Evangelho garante a presença do Reino de Deus no mundo, um Reino que não é um clube exclusivo de bons e santos: todos encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva. Três belíssimas parábolas indicam-nos o caminho: o trigo e o joio; o grão de mostarda; o fermento.
Na parábola do trigo e do joio, Jesus garante-nos que os esquemas de Deus não preveem a destruição do pecador, a segregação dos maus, a exclusão dos culpados. O Deus de Jesus Cristo é um Deus de amor, de bondade e de misericórdia, sem pressa para castigar, que nos dá todo o tempo do mundo para crescer, para descobrir o dom de Deus e para fazer as nossas escolhas. Não percamos nunca de vista a paciência de Deus para com os pecadores: talvez evitemos carregar sentimentos de culpa que oprimem e amarguram a nossa breve caminhada nesta terra.
A Palavra de Deus convida-nos a moderar a nossa dureza, a nossa intolerância, a nossa intransigência e a contemplar os irmãos, nas suas falhas, defeitos, diferenças e comportamentos religiosa ou socialmente incorretos, com os olhos benevolentes, compreensivos e pacientes de Deus.
A partir daí, podemos colher a mensagem das outras parábolas: ser grão de mostarda e fermento, no meio de situações que não deixam espaço para a interioridade e sentido da vida, para a paciência e bondade, para a misericórdia e compaixão.
Eis um enorme desafio para quem quiser continuar a ser discípulo de Cristo, neste domingo e ao longo da próxima semana.
Manuel Barbosa, scj
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