Deus escolhe, chama e envia
A Palavra de Deus que acolhemos neste 11.º Domingo do Tempo Comum recorda-nos a presença constante de Deus no mundo e a vontade que tem de nos oferecer a vida e a salvação. Uma presença que se concretiza através daqueles que Deus escolhe, chama e envia, para serem sinais vivos do seu amor e testemunhas da sua bondade.
Na primeira leitura vemos o Deus da aliança a eleger um Povo, para estabelecer com ele laços de comunhão e de familiaridade, para lhe confiar a missão de ser sinal de Deus no meio das outras nações.
A segunda leitura sugere que a comunidade dos discípulos, uma comunidade de pessoas a quem Deus ama, tem a missão de dar testemunho do amor de Deus por nós, um amor absolutamente único, eterno e universal.
No Evangelho, Mateus apresenta uma catequese sobre a escolha, o chamamento e o envio dos doze discípulos, que representam a totalidade do Povo de Deus, para continuar a missão de Jesus e levar a salvação a toda a terra.
«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». São palavras de Jesus a provocar a nossa disponibilidade para a missão: uma missão que precisa de ser continuamente rezada, pois a missão é obra de Deus, acontece sempre segundo os critérios de Deus; uma missão que é de todos e para todos sem exceção, e não de um grupo de eleitos dirigida apenas a determinados grupos; uma missão plenamente gratuita, sem dividendos pessoais ou interesses egoístas, que fazem da própria vida um dom gratuito pela causa do Reino.
Sabendo que cada um é uma missão na terra, como diz o Papa Francisco, qual é a nossa missão como discípulos de Jesus, como discípulos missionários? A nossa missão é denunciar e lutar contra tudo aquilo que escraviza a pessoa e a impede de ser feliz; é contestar e desmontar estruturas que geram guerra, violência, terror, morte e indiferença; é recusar e denunciar propostas de falsos valores que geram escravidão, opressão e sofrimento; é combater esquemas de exploração disfarçados de sistemas económicos geradores de bem-estar que geram miséria, marginalização e exclusão; é transmitir alegria, coragem e esperança àqueles que vivem imersos no abatimento, na frustração, no desespero; é ser sinal do amor e da ternura de Deus para com aqueles que vivem sozinhos, abandonados, marginalizados.
Face à abundante seara do Senhor, são poucos os trabalhadores. No campo missionário não há desemprego, faltam trabalhadores. Mas Jesus não se cansa de chamar. Será que lhe respondemos, aceitando a missão aonde nos envia, seja em casa ou na comunidade, seja no trabalho ou na escola, seja onde for? Não fiquemos indiferentes ou à margem do seu convite. A isso nos desafia a Palavra que nos é oferecida como alimento de vida hoje e ao longo desta semana.
Manuel Barbosa, scj
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