«Não queremos um projeto pastoral de papel, mas uma Igreja viva, feita de alma e paixão por Jesus – D. Armando Esteves Domingues
Angra do Heroísmo, 06 out 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirmou que não querem “um projeto pastoral de papel”, este domingo, no lançamento do Projeto Pastoral Diocesano 2025-2026, o primeiro de um itinerário de nove anos, centrados nos pilares da esperança, unidade, formação e sinodalidade.
“Não queremos um projeto pastoral de papel, mas uma Igreja viva, feita de alma e paixão por Jesus; a esperança cristã é a força que transforma a fé em ação”, disse D. Armando Esteves Domingues, na ilha de Santa Maria, citado pelo portal online ‘Igreja Açores’.
O bispo de Angra lançou o novo Projeto Pastoral Diocesano 2025-2026, este domingo, dia 5 de outubro, em Vila do Porto, um ano centrado na pergunta ‘Cristão, que dizes de ti mesmo?’, o primeiro de um triénio sobre o ‘Anúncio’, que pretende inspirar uma “Igreja viva, dialogante e comprometida com o mundo”.
“O cristão é alguém capaz de ir contra a corrente. Num tempo de desesperanças e incertezas, [a Igreja açoriana] deve ser um sinal visível de confiança e alegria.”
D. Armando Esteves Domingues referiu-se ao contexto global de divisões e radicalismos que afetam também o mundo religioso, e alertou para os “nacionalismos católicos”, que começam a surgir, por exemplo nos EUA e os “clubes de tendências” que ameaçam a universalidade da Igreja.
“Corremos o risco de viver escondidos, sem espaço para o confronto saudável e o enriquecimento mútuo. A evangelização não pode ser propaganda, mas caminho de escuta e de diálogo”, realçou o bispo de Angra, que evocou São Francisco de Assis e o seu ‘Cântico das Criaturas’, o ‘Cântico ao Irmão Sol’, pedindo que “a luz divina ilumine os olhos de todos os fiéis”, e que este caminho pastoral seja “sinal de unidade e de comunhão”.
Este novo ano pastoral 2025-2026 é o primeiro de três triénios, nove anos, alicerçados em quatro pilares centrais – esperança, unidade, formação e sinodalidade -, que a Diocese de Angra vai viver até celebrar os 500 anos da sua criação, em 2034.
“A sinodalidade é uma grande ajuda à vida social e política, porque traz uma capacidade nova de ouvir e de construir juntos”, salientou, sobre a sinodalidade que é o verdadeiro caminho da Igreja para o novo milénio, retomando as palavras do Papa Francisco.
Segundo o bispo de Angra, “a esperança é o coração deste caminho”, enquanto a unidade é chamada a manifestar-se numa comunhão efetiva entre leigos, religiosos e presbíteros, no pilar da formação está previsto a criação de Escolas de Formação Cristã de Ouvidoria, a realização de retiros, catequeses querigmáticas e programas conjuntos destinados tanto a leigos como a ministros ordenados, enquanto a sinodalidade é o eixo que integra todos os outros.
O novo Projeto Pastoral Diocesano foi construído “em estilo sinodal”, indicou D. Armando Esteves Domingues, com “escuta, paciência e discernimento comunitário”, e vai ser avaliado ao longo dos nove anos, “confiando sempre nas mãos do Espírito Santo”.
A Diocese de Angra informa que nos principais desafios deste projeto está a diminuição da prática sacramental, a pobreza estrutural das ilhas, o afastamento de fiéis da vida eclesial, e a necessidade de um novo diálogo com a cultura, o trabalho e a amizade social.
“Oxalá, vejamos a Igreja nos Açores a renovar-se, humilde e desinteressada, ao estilo das bem-aventuranças. Que cada gesto de caridade seja um sinal de esperança e comunhão. Esta é a hora da fidelidade ousada, criativa, do compromisso sincero com Deus e com os outros.”
No dia anterior, sábado, o bispo presidiu à celebração de tomada de posse de três leigos e do padre João Ponte que integram a missão pastoral da comunidade da ouvidoria, na formação, na catequese e na juventude, na Paróquia da Almagreira, a igreja jubilar da ilha de Santa Maria.
“Vivemos hoje um momento histórico. Começaremos aqui uma corrida de nove anos”- D. Armando Esteves Domingues
CB/OC
![]() O diretor do Serviço Diocesano da Coordenação Pastoral de Angra apresentou as linhas orientadoras do novo ano, exemplificando com as várias iniciativas propostas: criação de Centros de Preparação para o Batismo, Escolas de Formação de Ouvidoria, e Conselhos Pastorais Paroquiais. O padre Jacob Vasconcelos apresentou também três propostas de catequeses, textos norteadores da reflexão e discernimento, que as comunidades paroquiais devem fazer acerca da sua condição como cristãos. No lançamento do Projeto Pastoral Diocesano 2025-2026, três leigos deram o testemunho do seu Batismo, o sacramento central deste primeiro triénio focado no anúncio: o casal Zélia e António Humberto Cabral, da Paróquia de São Pedro, em Santa Maria, com uma vida em Igreja de mais de 40 anos, falaram de serem catequistas, animadores de grupos de jovens, e cursilhistas; Ruben Melo, casado e com filhos, deu testemunho da vocação cristã. O novo ano pastoral da Igreja Católica nos Açores começou em Vila do Porto, na ilha Santa Maria, após a sessão de apresentação e lançamento do projeto, na biblioteca local, seguiu-se a Missa, presidida pelo bispo de Angra, na igreja matriz, informa o portal online ‘Igreja Açores’. “Que seja um ano de fé para todos, para acreditarmos que somos todos necessários para um momento tão importante e decisivo na vida desta igreja. Sejamos servos de Jesus Cristo”, disse D. Armando Esteves Domingues, que, a partir da liturgia deste domingo, desafiou os diocesanos a terem uma fé do tamanho de um grão de mostarda, “pequenina mas com uma qualidade capaz de contagiar o mundo”. Até à celebração dos 500 anos da criação da Diocese de Angra, em 2034, a abertura e o encerramento de cada ano pastoral vai realizar-se nas várias ilhas dos Açores, por sugestão das ouvidorias (conjunto de paróquias), e termina, o jubileu, numa “grande celebração na cidade de Angra do Heroísmo, sede da catedral diocesana e coração da vida eclesial açoriana”. |
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