«Já era tempo da nossa diocese apresentar uma causa junto do Vaticano. Estou certo que existirão muitos santos nos Açores» – Cónego Hélder Miranda Alexandre
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Angra do Heroísmo, Açores, 25 fev 2025 (Ecclesia) – A Diocese de Angra entregou hoje o processo diocesano para a beatificação da jovem açoriana Maria Vieira da Silva, pelo promotor de justiça da causa cónego Hélder Miranda Alexandre, no Dicastério para as Causas dos Santos do Vaticano.
“Estou bastante satisfeito, o culminar da fase diocesana, e agora o início da fase romana, é uma forma de darmos continuidade e credibilidade ao nosso trabalho na diocese. Levar esta causa, e quem sabe abrir outras, é também dar um sinal de esperança, sobretudo aqueles que encontram nestes exemplos um alimento para a sua esperança”, disse o cónego Hélder Miranda Alexandre, esta terça-feira, dia 25 de fevereiro, citado pelo sítio online ‘Igreja Açores’.
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, a Diocese de Angra destaca que o processo diocesano em ordem à beatificação da jovem mártir terceirense Maria Vieira da Silva é a primeira causa açoriana que foi entregue no Vaticano pela Diocese de Angra.
“Já era tempo da nossa diocese apresentar uma causa junto do Vaticano. Estou certo que existirão muitos santos nos Açores e, por isso, era bom que pudéssemos avançar com outras causas, como pro exemplo a de Madre Teresa D´Anunciada”, acrescentou o sacerdote açoriano, promotor judicial da Causa do Processo de Maria Vieira.
Os documentos do processo de Maria Vieira da Silva foram entregues na manhã de hoje na Chancelaria do Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé, ao seu responsável Federico Favero, o cónego Hélder Miranda Alexandre destacou também o apoio de monsenhor António Manuel Saldanha, natural da Diocese de Angra que é o secretário do Studium do Dicastério das Causas dos Santos.
A Diocese de Angra informa que o passo seguinte, no Vaticano, é a nomeação de um postulador para o processo de beatificação de Maria Vieira da Silva, que não pode ser nenhum oficial que interveio na fase diocesana, e tem de ter “duas exigências”: morada em Roma e frequentar o curso de postulador.
Após a nomeação do postulador, e entregue o processo no Dicastério para as Causas dos Santos do Vaticano, a documentação via ser estudada e avaliada, será desenvolvida a ‘Positio’, “documento fundamental para o reconhecimento das virtudes heroicas do fiel em ordem à beatificação.
“Como o fundamento para esta causa é o martírio poderá ser dispensada a prova de existência de um milagre para a sua beatificação; passando de Venerável, primeiro passo da fase romana, para Beata”, acrescenta a informação divulgada pelo sítio online ‘Igreja Açores’.
Ainda nesta terça-feira, o Papa Francisco aprovou, desde o Hospital Gemelli, a publicação dos decretos de cinco processos de beatificação e a duas canonizações, divulgados pela sala de imprensa da Santa Sé.
A canonização representa, na Igreja Católica, a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
CB/OC
A fase diocesana do processo de Maria Vieira da Silva foi concluída no dia 1 de novembro de 2024, na Solenidade de Todos-os-Santos, na igreja Matriz de São Sebastião, na ilha Terceira; nessa sessão de clausura (encerramento) diocesana o bispo de Angra destacou o trabalho de todos os que “assumiram as tarefas necessárias para recolher e registar documentação e testemunhos sobre a vida, as virtudes, a fama de santidade, em particular, e as graças, em geral”. “Em dia de todos os santos, torna-se ainda mais significativa esta cerimónia de encerramento do processo diocesano para a beatificação da Serva de Deus Maria Vieira. Uma adolescente de quem, logo após a sua morte, começou a correr a fama de santidade. É sempre assim que começam os processos. Compete à Igreja averiguar, nomeando pessoas idóneas”, salientou D. Armando Esteves Domingues. Maria Vieira da Silva, jovem terceirense, natural da Paróquia de São Sebastião, foi brutalmente martirizada aos 13 anos por defender a preservação da sua virgindade até à morte, a 4 de junho de 1940. O processo de beatificação/canonização da serva de Deus Maria Vieira, que faleceu no dia 5 de junho de 1940, percorreu três episcopados de Angra, em 2018, o então bispo diocesano D. João Lavrador deu indicações para o processo avançar, com a nomeação da Comissão Histórica e da Comissão Teológica, Maria Vieira, filha de Júlio de Sousa da Silva e de Isabel Vieira da Silva, casal católico que incutiu nos seus filhos o amor a Deus e aos irmãos, desde cedo aprendeu a colocar toda a sua vida ao serviço da vontade divina; com seis anos frequentava a catequese, fez a primeira comunhão e a comunhão solene, rezava todos os dias o terço em família e era cumpridora dos princípios e orientações da fé católica. A Diocese de Angra assinala que a história de Maria Vieira da Silva foi em tudo semelhante à de Maria Goretti, menina italiana de 12 anos que, no final do século XIX, perdeu a vida a defender a sua virgindade, e que, sete anos após a morte de Maria Vieira, foi beatificada pelo Papa Pio XII, que haveria de a canonizar Santa Maria Goretti em 1950. |