Angra: Bispo incentiva sacerdotes a serem «ministros construtores da esperança»

D. Armando Esteves Domingues incentivou a manterem «firmes a esperança», num «tempo obscuro, com a afirmação de radicalismos»

Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores, 18 fev 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra convidou os padres da diocese a serem “ministros construtores da esperança”, num “tempo obscuro”, na manhã desta terça-feira, 18 de fevereiro, na abertura das Jornadas de Formação do Clero, em Ponta Delgada.

“Neste momento em que assistimos a um tempo obscuro, com a afirmação de radicalismos, a contestação de políticas inclusivas, onde até se favorecia a convergência de valores, é imprescindível mantermos firmes a esperança, uma esperança fundamentada numa força maior que dá uma nova direção e um novo rumo”, disse D. Armando Esteves Domingues, citado pelo portal ‘Igreja Açores’.

“A nossa missão é semear, sermos semeadores”, afirmou o presidente do Parlamento Açoriano, o primeiro orador da Jornada de Formação do Clero alertou para a “crise das instituições” provocada pelo “distanciamento das pessoas”, “um problema comum” à Igreja, política, e grande parte da sociedade.

Foto: Igreja Açores/CR

“Podíamos debater as causas, mas elas são sobejamente conhecidas, e infelizmente muitos políticos e homens da Igreja contribuíram para isso. Uma sociedade onde nos meios de comunicação social e nas redes sociais não há espaço para o positivo, tudo torna a nossa tarefa ainda mais hercúlea”, salientou Luís Garcia.

As Jornadas de Formação do Clero da Diocese de Angra são sobre ‘A Esperança não engana’, o tema da bula de proclamação do Ano Santo 2025 do Papa Francisco, entre hoje e quinta-feira, dia 20 de fevereiro, no Centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada.

“Sejamos cada um instrumentos de uma graça que não é nossa mas de Deus; a esperança não é uma estação de paragem ou de destino mas uma pessoa que fortalece a nossa esperança”, acrescentou o bispo de Angra, realçando que sem esperança ficam “paralisados e presos à revolta e desamor”.

A Diocese de Angra informa que estão inscritos mais de 40 sacerdotes de sete ilhas dos Açores, das nove do arquipélago português, nestas Jornadas de Formação do Clero, promovidas pelo Serviço de Coordenação da Formação Diocesana com a Vigararia do Clero.

O presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, apresentou a conferência ‘A Igreja, a sociedade e a política: caminhos para uma esperança concreta’, e lamentou a “frieza das igrejas vazias” e a “a falta das crianças a correr a chorar na igreja, os jovens irrequietos”, e desafiou também os sacerdotes a serem “sinais e mensageiros de esperança”.

“Se os reverendos padres ficarem na Igreja à espera de que os bancos se encham, acontecer-vos-á, possivelmente, o mesmo que se eu ficasse no meu gabinete à espera que a Assembleia fosse mais conhecida e mais próxima dos cidadãos; com inspiração, trabalho, inovação e entrosamento com as nossas comunidades, não prestamos apenas um serviço, devemos ser parte delas, das suas instituições, dos seus problemas, comungar dos seus anseios e desafios”, desenvolveu Luís Garcia.

Ao longo destes três dias, o clero de Angra vai ouvir, segundo o programa da formação, o patriarca emérito de Lisboa, D. Manuel Clemente; o reitor do Seminário Maior de Coimbra, padre Nuno Santos, e a médica Isabel Galriça Neto, especialista em cuidados paliativos, que também vai apresentar uma conferência no Convento da Esperança, sobre a esperança na doença, esta quarta-feira, às 21h00.

O cardeal patriarca emérito de Lisboa, que apresentou a conferência ‘a esperança garante e cria o futuro’, disse ao Sítio ‘Igreja Açores’ que procurou explicar “como com dois mil anos já passados do Cristianismo houve sempre futuro, gente que nunca deixou de esperançar e de ter uma esperança viva”.

“Esta jornada de formação corresponde àquilo que o Papa Francisco nos propôs: que este ano de jubileu, que já é por definição um tempo de graça e de expetativa de conversão de cada um e da Igreja seja também um momento que nos desbloqueei como existiram outros na história da Igreja, permitindo-nos e incentivando-nos a olhar para a frente com realismo e em ambiente aberto”, desenvolveu D. Manuel Clemente.

Os padres da Igreja Católica presente nos Açores vão também refletir sobre a carta encíclica ‘Dilexit Nos’, do Papa Francisco, com o padre José Júlio Rocha, o vigário episcopal para o clero de Angra.

A Igreja Católica está a viver o Ano Santo 2025 – o seu 27.º jubileu ordinário – celebração que acontece a cada 25 anos -, com o tema ‘Peregrinos da Esperança’, iniciado na noite da véspera de Natal de 2024, dia 24 de dezembro, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, pelo Papa Francisco, e termina no dia 6 de janeiro de 2026.

“Este jubileu chama-nos a sermos peregrinos,  ministros e construtores da esperança, a sermos construtores de ambientes de esperança” disse o bispo de Angra, citado pelo portal online diocesano ‘Igreja Açores’.

Neste contexto, D. Armando Esteves Domingues convidou cada um dos sacerdotes presentes a fazê-lo “num ambiente familiar, num horizonte alargado como povo de Deus, em que todos somos peregrinos”.

CB/OC

Angra: Jornadas de Formação do Clero vão refletir sobre a «esperança»

 

Partilhar:
Scroll to Top