Angra: Bispo diz que crise pode ser uma oportunidade para «aproximar as pessoas de Deus»

D. João Lavrador presidiu à Paixão de Cristo na Catedral açoriana, sem assembleia

Angra do Heroísmo, Açores, 10 abr 2020 (Ecclesia) – O bispo de Angra disse hoje na catedral da diocese açoriana que a pandemia pode ser um momento que aproxime “as pessoas de Deus”, falando durante a celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa.

“Celebramos este mistério da morte de Jesus de Nazaré num contexto de sofrimento e de perplexidade, num mundo dilacerado por uma epidemia devastadora. Que nós, batizados e homens de boa vontade, nos aproximemos mais de Cristo que carrega com as nossas dores e nos ensina o caminho da entrega no amor”, defendeu, na sua homilia, D. João Lavrador, numa intervenção divulgada pelo site ‘Igreja Açores’.

“Os analistas dizem que depois desta epidemia o mundo, a sociedade e a economia já não serão os mesmos. Eu acrescentarei que também as comunidades cristãs já não voltarão a ser as mesmas; serão mais evangélicas se lhe oferecermos o Evangelho de Jesus Cristo” insistiu o responsável católico.

A Igreja Católica evoca a morte de Jesus, num dia de jejum para os fiéis, que não celebram a Missa, mas uma cerimónia com a apresentação e adoração da cruz.

D. João Lavrador sublinhou o “silêncio que este dia impõe e que a situação social atual exige”, convidando os cristãos a seguir o exemplo de Jesus que “se entregou a Si mesmo, solidarizando-se connosco até ao limite da Sua morte”.

A intervenção recordou “o gemido de tantos mortos pela epidemia, pela fome, pela guerra, pelo desespero, pela violência, pelo ódio e pela exclusão, clamam por redenção e salvação, o mesmo que é dizer exigem dignidade, justiça, verdade e amor”.

O bispo de Angra lamentou a persistência de uma cultura que provoca “a morte de tantos seres indefesos e débeis, uma sociedade que no seu egoísmo e no jogo dos interesses ideológicos e de poder, mata todos os que não têm aparência do modelo que se forjou para se ser cidadão”.

“Hoje o dia é do silêncio e da escuta, da contemplação e da interiorização. Daqui terá de surgir um homem novo, configurado a Cristo, participante na comunidade e na missão da Igreja no mundo, com novos critérios, novos valores, com uma compreensão do ser humano que só a Sabedoria de Deus pode oferecer e com a força da missão transformadora do mundo que a fé alicerçada na experiência de comunhão em Cristo dinamiza”, concluiu.

A Sexta-feira Santa foi celebrada sem assembleia presente, mas transmitida pelos meios de comunicação social e digital.

A Congregação para o Culto Divino propôs este ano uma intenção para acrescentar à Oração Universal da celebração da Paixão do Senhor: “Oremos por todos os que sofrem as consequências da atual pandemia; para que Deus nosso Senhor, conceda a cura aos enfermos, força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias e a salvação a todas as vítimas mortais”.

Durante a celebração da Paixão do Senhor há o rito da adoração, mas omite-se o beijo devocional da Cruz, por razões de saúde pública, nos países onde estão suspensas as celebrações comunitárias.

OC

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