Angra: Bispo destacou «coragem» da Igreja ao chamar todos para serem «peregrinos da esperança», «no meio de tragédias imensas»

«Não podemos ficar insensíveis ao mistério do sofrimento no qual Deus nos salva» – D. Armando Esteves Domingues

Foto: Igreja Açores/CR

Angra do Heroísmo, 18 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra disse que a “Igreja teve a coragem” de chamar todos para serem peregrinos da esperança “no meio de tragédias imensas”, e explicou que o “grito” de abandono de Jesus na cruz “continua a ouvir-se”.

“Igreja teve a coragem de nos chamar a todos para sermos peregrinos da esperança neste Ano Jubilar, não obstante se desenrole no meio de tragédias imensas em tantas partes do mundo. A dizer que é possível vislumbrar a luz da esperança, do ressuscitado por detrás de cada cruz ou dificuldade e descortinar o rasto escondido do amor”, explicou D. Armando Esteves Domingues, esta sexta-feira, na celebração da Paixão do Senhor, na Sé de Angra.

O bispo de Angra, na alocução enviada à Agência ECCLESIA, explicou que o “grito de Deus” – “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46) – “continua a ouvir-se” hoje, e destacou “todos os gritos de morte no meio das guerras assassinas”, dos inocentes em Gaza, na Ucrânia e nas guerras civis, conflitos étnicos e religiosos “e a atuação de grupos extremistas em África”.

“É o grito das vítimas da exploração injusta, do tráfego humano, da prostituição, da escravidão das dependências. Mas é também o grito das nossas desavenças e injustiças, dos nossos ódios e vinganças, da violência, da violência doméstica seja física, verbal ou psíquica”, indicou.

D. Armando Esteves Domingues lembrou também “os gritos dos que vivem na rua”, das pessoas que não têm o suficiente para a casa e alimentação, e ainda o “grito dos que não têm cultura” nem estão preparados para este mundo “por vezes cruel que marginaliza, descarta ou abandona na iliteracia”.

“Hoje não podemos ficar insensíveis ao mistério do sofrimento no qual Deus nos salva.”

Foto: Igreja Açores/CR

“Jesus é este servo de Javé que aparece diante de nós desfigurado, sem rosto, sem aparência de homem, caído e humilhado, de aspeto desagradável por causa do sofrimento causado pelos nossos pecados. Mas é ele, precisamente ele, quem lava as nossas culpas e nos limpa das iniquidades. Nas suas chagas fomos curados”, desenvolveu.

O bispo de Angra destacou que no relato da paixão de Jesus aparece uma “testemunha especial da esperança”, Maria, cuja “vida foi um hino à esperança na Palavra criadora de Deus”, e sabe que “a Igreja está a nascer daquele grito e daquela vida entregue, e já se vislumbra uma aurora de Ressurreição”.

“Hoje mais do que nunca, precisamos reencontrar Maria para aprender a ter o seu olhar e a sua atitude humilde em relação às pessoas e aos acontecimentos. Precisamos que ela nos indique como enfrentar o presente e esteja ao nosso lado nos nossos dias, nas solidões do nosso tempo, nas polarizações – mesmo dentro das nossas comunidades – e em todo o tipo de conflito”, assinalou D. Armando Esteves Domingues, na celebração da Paixão do Senhor, na Sé de Angra.

CB

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