Angra: Bispo defendeu a «dignidade inviolável da pessoa», em festa de Natal na cadeia

«Ninguém pode ser reduzido ao pecado ou crime; a prisão não pode ser apenas castigo» – D. Armando Esteves Domingues

Foto: Igreja Açores/MM

Angra do Heroísmo, Açores, 12 dez 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra apelou à “dignidade inviolável da pessoa” e à esperança, na festa de Natal dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Angra, esta quinta-feira, véspera do início do Jubileu das Prisões em Roma.

“Ninguém pode ser reduzido ao pecado ou crime que cometeu, porque a pessoa conserva sempre a sua dignidade de filho de Deus. Ninguém está fora deste amor que gera de novo”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia da Eucaristia, antes do convívio natalício, citado pelo portal online ‘Igreja Açores’.

“Podemos deixar-nos gerar de novo, renovar espiritualmente para fazer obras dignas da luz… e podemos ajudar outros a melhorar.”

O bispo de Angra assinalou que “a prisão não pode ser apenas castigo”, a pena deva ser cumprida, e pediu condições dignas, respeito pelos direitos humanos e vias credíveis de reinserção social.

Na festa de Natal do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo , nos Açores, que os reclusos celebraram esta quinta-feira, dia 11 de dezembro, D. Armando Esteves Domingues explicou que a atenção às prisões faz parte da Doutrina Social da Igreja e recordou princípios como a defesa da vida em todas as fases, a rejeição da pena de morte e das penas sem horizonte de esperança, e a promoção de uma justiça que una verdade, responsabilidade e possibilidade real de conversão.

O bispo de Angra agradeceu os gestos de humanidade e colaboração vividos ao longo do ano no estabelecimento prisional: “Agradeço a Deus ter aqui dado a mão a cada um de vós que a aceite. Agradeço os gestos de Cristo que esteve aqui presente, pela presença dos reclusos, técnicos, guardas, trabalhadores, do capelão e dos voluntários”.

Na homilia, a partir das leituras proclamadas na celebração, D. Armando Esteves Domingues explicou que o Evangelho perguntou “estás antes de Cristo ou depois de Cristo?”.

“Ainda hoje muitos vivem na dúvida, na confusão, na indiferença. E há pessoas simples, pobres, pequenas, que vivendo a fé e o Evangelho já pertencem ao mundo novo da esperança e da luz. O Advento coloca-te diante desta escolha: queres permanecer antes de Cristo ou passar com Ele para o mundo novo?”, acrescentou.

O bispo da diocese católica presente no Arquipélago dos Açores recordou que gravou a mensagem de Natal 2024, dirigida a toda a diocese, neste estabelecimento prisional, um gesto que foi uma opção pastoral, e contextualizou que “o Papa Francisco mostrou, ao longo de todo o seu pontificado, que as prisões são lugares de proximidade, de presença e de atenção da Igreja”.

O portal online diocesano ‘Igreja Açores’ informa que após a Eucaristia a festa de Natal continuou com um almoço convívio com reclusos, funcionários, guardas e equipa pastoral, preparado pelos voluntários; os reclusos do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo participam em catequeses semanais, a Missa é celebrada com os homens, às segundas-feiras, e com as mulheres, na sexta-feira.

O Jubileu dos Reclusos, o último grande evento do Ano Santo 2025 antes do seu encerramento (6 de janeiro de 2026), com 6000 peregrinos – reclusos, familiares, funcionários prisionais, forças de segurança e administração penitenciária – de 90 países, vai realizar-se entre hoje e domingo, de 12 a 14 de dezembro, em Roma e no Vaticano; uma delegação da Pastoral Penitenciária em Portugal vai participar neste encontro mundial com o Papa Leão XIV.

CB/OC

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