Angra: Bispo convidou a manter «a mística dos baleeiros», elogiando a sua «coragem, fé e solidariedade»

D. Armando Esteves Domingues pediu «uma Igreja com as portas abertas» que acolhe «pobres, frágeis, esquecidos», e convidou ilha do Pico a ser «uma comunidade de esperança»

Lajes do Pico, Açores, 01 set 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra presidiu à Missa da Festa de Nossa Senhora de Lourdes na vila das Lajes do Pico, e incentivou esta ilha açoriana a perpetuar “a mística, a coragem, a fé e a solidariedade” dos antigos baleeiros.

“Dou-vos os parabéns pela qualidade do programa, pela forma como mantendes as tradições e não deixais enfraquecer a mística dos baleeiros: a sua coragem, a sua fé, e a sua solidariedade. Eles acabam por marcar muito do que é a história, a cultura e o imaginário das novas gerações”, disse D. Armando Esteves Domingues, este domingo, na Eucaristia de encerramento da ‘Semana dos Baleeiros’, na ilha do Pico, citado pelo portal online ‘Igreja Açores’.

O bispo de Angra, na celebração que reuniu “centenas e centenas de fiéis”, devotos de Nossa Senhora de Lourdes, a partir da liturgia proclamada destacou o banquete, sinal de abundância no Evangelho, mas também “da sabedoria da humildade”, salientando que “tudo o que o homem é e tem é um dom de Deus”, por isso, podem entender “a humildade como a lembrança do dom de Deus”.

“A pessoa humilde deixa espaço para o outro, impõe limites a si própria e, assim, abre-se ao encontro, ou melhor, convida o outro ao encontro com bondade. Demasiado cheio de si, saturado do seu próprio ego e enamorado da sua própria superioridade, o orgulhoso declara que não precisa dos outros e, por isso, os outros afastam-se dele e sentem-no como não amável”, desenvolveu, nas Lajes do Pico.

Recordando a aparição de Lourdes (França), de Nossa Senhora a Bernadette de Soubirous, na gruta ‘Massabielle’, D. Armando Esteves Domingues lembrou que é na humildade e aos humildes que mais facilmente Deus se revela, “a força de Maria é a força poderosa da humildade”.

O bispo de Angra, na Missa de encerramento da ‘Semana dos Baleeiros’ da vila das Lajes do Pico, destacou que a festa de Nossa Senhora de Lourdes é um convite a fazer da Igreja “uma mesa aberta, onde há lugar para todos, mas sobretudo para aqueles que o mundo costuma excluir”.

“E que, um dia, todos juntos, possamos participar do grande banquete do Reino dos Céus, onde os pobres, os frágeis e os humildes verão o que significa o primeiro lugar”, concluiu D. Armando Esteves Domingues.

Após a Eucaristia realizou-se a procissão pelas principais ruas da vila baleeira com destaque para o sermão, junto aos cais, que habitualmente se chamava “pesqueira”, o lugar mais emblemático de encontro dos baleeiros, informa o portal ‘Igreja Açores’, da Diocese de Angra.

“Estamos reunidos num simbólico local que testemunhou muitas histórias da faina, cheia de riscos e belos testemunhos de solidariedade desses intrépidos homens do mar que nos enchem de orgulho e reconhecimento. Tenho por púlpito um bote, um emblema local, que representa a coragem, destreza e a ligação íntima ao mar que todo o açoriano e em especial o lajense sentem. Aqui e agora, este bote é expressão visível de uma fé fortalecida pelos perigos, vitórias e perdas, uma fé de ontem, de hoje e de sempre”, disse o bispo diocesano, nesse ‘sermão da pesqueira’.

D. Armando Esteves Domingues pediu que a festa “não seja apenas um momento de alegria” para eles, mas sobretudo um sinal de que querem ser “uma Igreja com as portas abertas”.

“Uma Igreja que acolhe os pobres, os frágeis, os esquecidos; uma comunidade de esperança que não se mede pela riqueza, mas pela solidariedade; um povo que, como Maria, vive a força da humildade e abre espaço para que Deus faça maravilhas”, indicou, tendo referido neste sermão que podia imaginar quantas vezes a imagem de Nossa Senhora “não terá ido com os antigos baleeiros nos botes à caça da baleia”, “gravada no coração daqueles homens rijos, provados pelas agruras do sol, das tempestades e dos ventos”.

No sábado, realizou-se a tradicional procissão marítima, em botes baleeiros, “com centenas de pessoas”.

CB/OC

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