Cónego Hélder Fonseca Mendes assinala que na ilha os sinos «só repicarão pela iminência do vulcão»
Angra do Heroísmo, Açores, 07 abr 2022 (Ecclesia) – O administrador diocesano de Angra afirmou que a Páscoa na ilha de São Jorge vai ser marcada pela “incerteza e pela esperança”, no contexto da atual crise sismovulcânica.
“Os sinos da ilha de São Jorge só repicarão pela iminência do vulcão, enquanto nas outras ilhas repicarão porque o sepulcro rebentou e o Senhor ressuscitou”, refere o cónego Hélder Fonseca Mendes, na mensagem de Páscoa enviada hoje à Agência ECCLESIA.
O administrador diocesano de Angra assinala que para os habitantes de São Jorge esta Páscoa “será, de facto, única”, com sentimentos de “medo” e de “coragem”, num momento em a ilha já contabilizou mais de 27 mil, 229 dos quais sentidos pela população, desde o início da crise, a 19 de março.
Para os jorgenses, esta Páscoa será de facto única, pela incerteza e pela esperança, pelo medo e pela coragem, pelo dragão e pela Mulher do Apocalipse, pelo fogo e pelas cinzas, pela vigilância e pela atividade, pelo cuidado e pelo trato, pela fuga e pelo acolhimento, pelas dores da maternidade, como se a ilha estivesse para dar à luz, pela comunhão, participação e missão, pelo voluntariado e pelo profissionalismo, pela espera e pela prontidão”.
Na mensagem de Páscoa ‘A paz esteja convosco’, o cónego Hélder Fonseca Mendes indica que Cristo morreu e ressuscitou “de uma vez para sempre e para todos”, mas a força da Ressurreição deve realizar-se “em todos os tempos”, nos espaços concretos e na vida de cada dia.
“É dom, mas não dispensa a adesão da liberdade e da consciência de cada um de nós”, salienta.
O responsável católico assinala que a festa da Páscoa do Ressuscitado traz “o Espírito Santo e com Ele o dom da paz”, que é o que hoje mais se precisa, “como de pão para a boca”, e recorda que se reconhecia que foi perdido “o caminho da paz”, na oração do ato de consagração “de cada um, da Igreja e do mundo”, especialmente dos povos da Ucrânia e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, no dia 25 de março.
O administrador diocesano de Angra pede que os católicos acolham “a graça da Ressurreição de Cristo” e se deixem “renovar pela misericórdia de Deus”, que a força do seu amor transforme a vida, tornando cada um instrumentos da misericórdia, “através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz”.
CB/OC